Fundamentalismo protestante e teologia alexandrina: Russell Norman Champlin
A crítica de Jerry Leonard (Batista Regular) ao pensamento de Russell Norman ChamplinCaros pesquisadores: Coloco aqui a sua disposição um artigo publicado logo que saiu a primeira edição do NT Interpretado. Jerry Leonard era professor de grego no Seminário Batista do Cariri, pertencente às Igrejas Batistas Regulares do Brasil, e se trata de uma análise acadêmica. Muitas das objeções do Jerry Leonard são a força das posições filosóficas do Dr. Champlin e de muitos de nós. Também as reservas e o grande temor do erudito grego, são razões especificamente de vinculação e proteção do fundamentalismo brasileiro, especialmente de sua vertente pré-tribulacionista e calvinista. Em se tratando de um texto respeitoso com a figura e o porte do Dr. Champlin, disponibilizo aqui. Infelizmente não tenho a data da publicação, cautela que na época não tive em relação a metodologia científica e a referenciação. Acir da Cruz Camargo
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Ponto de Vista Teológico
Obra monumental de 4.342 páginas, letras miúdas, seis volumes bem encadernados, “Versículo por Versículo” é a verdadeira atenuação desta obra exaustiva e enfadonha que trata de quase todas as palavras do Novo Testamento. Características valorosas inclui copiosa matéria introdutória: o texto grego completo e citações sem conta de mestres de todas as épocas e confissões. Contudo, a posição teológica do autor serve de impecilho insuperável para qualquer recomendação da obra, a não ser com sérias reservas. Nas mãos de leigos e obreiros não alertados há de ser muito perigosa. Champlin cita favoravelmente velhos modernistas, como E. Stanley Jones, e outros recentes como Paul Tillich. Suas crenças modernistas incluem: A rejeição do inferno literal e eterno: “Não honramos a Deus por fazer dEle o grande Destruidor de todos os séculos que queima pessoas como se fossem leitões assados, em uma imensa fornalha...” (Vol. 5, p. 230). Restauração além-túmulo: a. Do crente caído: “Essa restauração poderá ter lugar enquanto ele ainda vive na carne, ou, talvez, no além-túmulo, em alguma dimensão do mundo espiritual...” (Vol. 5, p. 105). b. Dos incrédulos: “No que concerne aos perdisos, antecipamos que haverá uma “restauração” em contraste com a redenção dos eleitos... Cristo será tudo para eles (os perdidos restaurados), a motivação, a alegria, e o propósito de sua existência.” (Vol. 5, p. 97). c. Dos anjos caídos: “Pressumimos que os anjos caídos poderão ser restaurados...” (Vol. 5, p. 97).
Erros na Bíblia: “...Aqui, como em muitos lugares, vemos os evangelhos diferindo entre si quanto a minúcias; e às vezes até se contradizem...” (Vol. 1, p. 714). Jesus errou: “Não é de modo algum impossível que Jesus, tal como a igreja primitiva após ele, tenha pensado em sua “vinda gloriosa” para estabelecer o reino” dentro em breve”...Nisso, naturalmente, ele foi desapontado, tal como foram seus discípulos.” (Vol. 1, p. 733). Rejeita a ressureição material: “Esse corpo ressurecto não será atômico ou material em qualquer sentido.” (Vol. 5, p. 205). Experiência humana como base de doutrina: “A experiência humana prova a realidade tanto da queda como da apostasia, de crentes antes genuínos.” (Vol. 5, p. 328). Champlin também abraça crenças místicas bem diferentes: A possibilidade de reencarnação: “Podemos imaginar como os perdidos poderiam ser envolvidos em muitas encarnações, como parte do seu “estado de perdição...provendo-lhes tempo para acharem a Cristo.” – Vol. 1, p. 730. A salvação além-túmulo: “Cristo desceu ao cárcere do hades a fim de pregar, as boas novas aos prisioneiros, para que sua situação fosse revertida e pudesse obter vida espiritual...não deveria ser tido como precedente? Seria estranho se alguma porção do seu ministério não tivesse resultados contínuos.” (Vol. 1, p. 211). Comunicação com os mortos: “Diversos exemplos bíblicos mostram que a comunicação com os mortos é algo que ocorre ocasionalmente.” (Vol. 1, p. 694). Espíritos soltos: “É razoável supor..que alguns demônios são espíritos humanos de baixo desenvolvimento, os quais, após a morte física, não foram para seu destino final...” (Vol. 1, p. 694) Sono da alma: “...é possível que alguns casos, após a morte física, a alma durma por um breve período, especialmente se a morte for violenta.” (Vol. 1, p. 585) O corpo como prisão da alma: “...esse alvo (a perfeição impecável) não será e nem poderá ser atingido enquanto a alma estiver cativa no corpo.” (Vol. 6, p. 257) Os teólogos da confissão calvinista não gostarão da grande ênfase de Champlin sobre o livre arbítrio do homem, nem do seu desprezo da doutrina da depravação total (Vol. 5, p. 297, 298), por exemplo). Os eruditos no grego ficarão perplexos que um comentário que salienta o texto original completo de modo geral não trata devidamente a força dos temos, dos artigos, e outros fatores sintáticos da língua grega. Nos estudos dos vocábulos Champlin faz melhor, e até faz contribuição valorosa, mas ainda é capaz de um fora como este: “Nenhuma diferença real pode ser demonstrada entre “filleo” e “agapao” no N.T., logo descobrimos que eram usados como sinônimos...” (Vol. 5, p. 168). Nas contribuições de valor estão incluídas a tradução e transsão dos cinqüenta argumentos de Walvoord a favor do arrebatamento pré-tribulacionista (Vol. 5, p. 303 ss). Os que não aceitam esta posição serão desapontados com a refutaçao fraquíssima que Champlin faz. Também tem numerosas citações e estudos de valor. Faz pena tão grande desperdício de tempo, erudição e dinheiro na publicação. Fosse uma obra ortodoxa seria grande bênção. Infelizmente trata-se antes de um grande perigo para as igrejas fundamentalistas do Brasil. Jerry Leonard, Seminário Batista do Cariri, Juazeiro do Norte – CE. Extraído de “O Batista do Cariri, p. 03 e 06
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(Temas: Russell Norman Champlin, apologética, inerrância, inspiração, bibliologia, filosofia brasileira, Acir da Cruz Camargo)