Obstáculos para o descrente aceitar o Evangelho de Cristo
O descrente rejeitou a “igreja”, por ser um protótipo de instituição falida, que ora assemelha-se a um clube, ora a uma empresa, não indo ao encontro de suas expectativas, preenchendo um vazio existencial, que mal sabe ele, foi originado pelo pecado e a conseqüente separação de Deus. No entanto, isso não significa que estas pessoas rejeitaram a Deus. O homem pós-moderno continua sedento, no entanto não quer assumir compromissos duradouros, em se tratando de relacionamentos. Não quer dizer que o homem pós-moderno seja mais descrente, mas hoje está faltando algo na Igreja, este algo que a leva a cumprir sua missão, seu papel designado por Deus.
Apesar de o descrente contrapor-se às regras, ele é sensível ao raciocínio. O homem pós-moderno considera regras como algo forçado e imposto; por isso não as aceitam com facilidade. A palavra, versando sobre o plano da salvação e as conseqüências do pecado, é mais pungente através de um diálogo informal (usando estratégias, falando os efeitos bons e maus), do que falando-se formalmente, afogado e engessado em citações de versículos Bíblicos. A primeira grande dificuldade do homem pós-moderno é deparar-se com uma “igreja” que nega a racionalidade da fé, e que se alicerça em uma apologética pobre ou inexistente. Uma “igreja” que, antes de mais nada, nega-se a contrapor os argumentos pseudo-cientificos que tentam desmantelar a fé, mas que apega-se a uma fé irracional e sem sentido, que só as faz parecer sábias aos seus próprios olhos, algo que a Bíblia, veementemente, condena.
Somado a isso, estes que estão longe de Deus, os descrentes, não querem apenas conhecer Deus “de ouvir falar”, mas quer ter uma experiência real e tangível com Ele. Só conhecimento intelectual nem sempre vai segurar alguém com Deus na Igreja. O pecador deve ser levado a ter uma experiência com Deus. No entanto, como uma “igreja” vai levar alguém a conhecer um Deus que ela própria não conhece, pois há muito já negou seus mandamentos e valores, em prol do “comércio da fé”.
O descrente não quer ser um projeto, sendo tratado como uma cifra ou contado como gado, para satisfazer o ego dos chamados “Super Apóstolos”. Ele gostaria de desenvolver um relacionamento verdadeiro e fraternal com aqueles com que caminha, mas numa igreja que enxerga o dízimo, não a pessoa isto não vai acontecer, pois o dinheiro é impessoal, visto que a mesma quantia que pode compara comida para os órfãos, também pode comprar armas para os bandidos.
Os descrentes são impelidos para longe dos templos, pois não vêem diferença de caráter entre os que estão dentro destes templos, bradando o nome de Deus, e aqueles que estão fora, apascentando seus próprios ventres. Os descrentes podem não confiar em autoridades, mas são receptivos à liderança bíblica autêntica. Ao verem nobreza de caráter em uma liderança, algo raro hoje em dia, acreditam na autenticidade do Ministério. Quando o povo não sente firmeza no líder, este é visto com desconfiança, e perde seu crédito junto à sociedade. Os valores da Igreja devem ser diferentes dos valores do mundo para inspirar confiança.
Por fim, este modelo empresarial e capitalista de “igreja”, em contraposição ao modelo familiar da Igreja Primitiva, tem fator decisivo no afastamento do ímpio do seio do Povo de Deus. O descrente não quer fazer parte de uma organização, com um ambiente de feroz competição, mas está ansioso para trabalhar em conjunto por um mesmo objetivo, motivado pelos mesmo sentimentos que movem as famílias, que independente dos lucros, dos momentos tristes ou felizes, continuarão a caminhar juntas, a apoiarem-se e a suportarem-se. A verdadeira Igreja é como uma família, onde a garantia de sua sobrevivência esta alicerçada na comunhão e salvaguarda de seus membros.