A origem do mal, segundo Isaías 45, verso 7
Deus é bom, e criou criaturas boas com uma qualidade denominada livre arbítrio. As criaturas de Deus usaram este poder, que é bom, para trazer o mal ao Universo. E como fizeram isso? Ao se rebelarem contra o Criador. Então, o mal surgiu do bem, não direta, mas indiretamente, pelo mau uso do poder bom chamado liberdade. Desta forma, Deus é responsável por tornar o mal possível, mas as criaturas livres são responsáveis por torná-lo real.
Concordar que Deus não criou todas as coisas é negar sua soberania. Todavia, admitir que Ele causou todas as coisas e que o mal faz parte dessas coisas é reconhecer que Deus causou o mal. Entretanto, os cristãos respondem que o mal não é uma coisa ou substância, antes, é a falta ou a privação de algo bom que Deus fez. Assim, o mal é a corrupção das substâncias boas que Deus criou.
Dizer que o mal não é algo, mas uma falta nas coisas, não é o mesmo que afirmar que ele não é real. Temos de entender que privação não é o mesmo que simples ausência. A audição está ausente na árvore assim como no surdo, mas a ausência de audição na árvore não é privação, pois a privação é a ausência de algo que deveria estar ali. Já que a árvore, por natureza, não deveria ouvir, ela não está privada de audição. Logo, o mal é a falta real das coisas boas, como o surdo pode testemunhar. O mal não é uma entidade real, mas a corrupção real em uma entidade real.
Esta corrupção que atinge o homem, para que possa transformar a possibilidade do mal em realidade, se chama ação. Mas é preciso tomar cuidado para não levar a depravação humana tão longe a ponto de destruir a habilidade de pecar. Um ser totalmente corrompido nem existiria. Não pode haver o mal supremo, pois, apesar de o mal reduzir o bem, jamais poderá destruí-lo completamente, porque se o bem fosse totalmente destruído o próprio mal desapareceria, já que seu sujeito, ou seja, o bem, não existiria mais.
No entanto, Deus jamais forçaria as pessoas a escolherem o bem, porque a liberdade forçada seria uma contradição à sua Palavra. Logo, Deus não pode destruir literalmente todo o mal sem aniquilar o livre-arbítrio. A única maneira de destruir o mal seria destruindo o bem do livre-arbítrio. Mas, apesar de Deus não aniquilar o mal, Ele pode (e irá!) derrotá-lo e, ao mesmo tempo, preservar o livre-arbítrio.
Deus tem uma determinação para tudo e, por conta disso, nos permite conhecer um bom propósito para a maior parte do mal. Por exemplo, a habilidade que temos de sentir dor possui um bom propósito. C.S. Lewis declarou que "a dor é o megafone de Deus para advertir o mundo moralmente surdo".
Além disso, temos de ponderar que parte do mal é produto do bem e que Deus é capaz de extrair coisas boas do mal. Certamente, Deus tinha um bom propósito para criar a água (sustentar a vida), mas afogamentos são um dos subprodutos malignos. Isso não significa que este mundo seja o melhor mundo possível, mas que Deus o criou como a melhor maneira de atingir seu objetivo supremo do bem maior.
Se Deus, por sua onisciência, sabia que o mal ocorreria no mundo, então, por que criou este mundo? O Senhor poderia não ter criado nada; ou ter criado um mundo onde o pecado não pudesse ocorrer. Ou, ainda, criar um mundo onde o pecado ocorresse, mas que todos fossem salvos no final. Logo, segundo os descrentes, Deus não fez o melhor.
Entretanto, é necessário ter em mente que Deus não precisa fazer o melhor, mas apenas fazer o que é bom. Mas será que outra alternativa seria realmente melhor que este mundo? Absolutamente. A ausência de mundo não pode ser melhor que o mundo. "Nada" não pode ser melhor que "algo".
Um mundo livre, onde ninguém peca, ou mesmo um mundo livre, onde todos pecam e depois são salvos é concebível para a mente do homem natural, mas não é atingível segundo os atributos de Deus. Enquanto todos forem realmente livres, sempre será possível que alguém se recuse a fazer o bem. Se Deus não permitisse o mal, então as virtudes mais elevadas não poderiam ser atingidas. Não há como experimentar a alegria do perdão sem permitir a queda no pecado.
O cristão sabe da realidade do mal e, dentro de sua limitação, se esmera por evitá-lo. Ninguém pode demonstrar um mundo alternativo melhor que o mundo proposto pelo cristianismo. Não podemos nos esquecer que Deus ainda não terminou a sua obra, e que as Escrituras prometem que algo melhor será alcançado.