Seriam os "Filhos de Deus", de Gênesis 6, anjos?
Cremos que não, e veremos o por que. O primeiro e mais pungente argumento é que a assertiva de Cristo sobre a natureza dos Anjos em Mt 12:25 nos transmite, não que eles sejam assexuados, mas sim que não há propósito de reprodução neles, uma vez que o seu estado original é espiritual e não carnal, objetivando somente o serviço ao Pai, e não constituição dos seus próprios desígnios. Subtender acasalamento como um pressuposto angelical deriva daí a constituição de laços familiares, nascimento, crescimento e propósitos pessoais, o que os identificaria como uma raça, em nada diversa da raça humana.
Por outro lado, quanto aos “Caídos”, vemos que eles não perdem sua natureza espiritual, não sendo convertidos em carne como conseqüência da sua queda (comparar Ap12:9, Jó 1:7 e Dn 10:13). Assim sendo, mesmo que supusemos que eles poderiam se materializar, algo improvável, visto que eles são os demônios com que hoje em dia nos confrontamos, a essência de formação deles é espiritual, não sendo possível perpetrar espírito, assim como é feito com a carne, via material genético.
O texto também nos mostra que a conseqüência dos atos narrados em Gn 6:1-8 recaiu inteiramente sobre o homem, o que dá a entender ser o homem o único protagonista deste mal.
Podemos então chegar à conclusão, corroborando as três considerações anteriores, que descendentes malignos de Lameque, da linhagem de Sete, povo que conhecia o Senhor, se perverteram entregando-se à lascívia e a miscigenação com as herdeiras da linhagem de Caim, povo que não amava a Deus. Esta prole, descendência espiritual de Satanás, foi fortalecida por influência de Demônios (que sabemos tem a capacidade de alterar os atributos físicos, como vemos em Lc 8:27-30), transformando-se nos valentes de então.