O SUPERMERCADO DE TERRAS DEVOLUTAS E A FICCIONAL REFORMA AGRÁRIA À BRASILEIRA

O enfrentamento e derrota definitiva do latifúndio é o maior desafio do povo brasileiro, que não será operacionalizado por governos e nem por políticos profissionais.

O povo brasileiro tem que superar sua histórica dependência ao personalismo e ao paternalismo populista.

Nunca haverá uma reforma agrária no Brasil que não seja construída pelos próprios trabalhadores rurais, campesinas e campesinos, sem terras.

Essa fala de que haverá um "supermercado de terras", cujas prateleiras serão abastecidas e gerenciadas por governos, e dispensadas aos agricultores consumidores necessitados, é de uma ficcional criatividade, do nunca dantes na história das reformas agrárias globais.

Claro, que entendo o Lula, num país do agro reacionário, e configuração de forças desfavoráveis às classes trabalhadoras, com classes médias pequeno-burguesas se achando ricas e sustentando um capitalismo de meio-termos e privilégios, adicionado de um pluripartidarismo político clientelista, fisiológico, oportunista, personalista, patrimonialista e utilitário, da extrema-direita a esquerda.

Num cenário, e conjuntura político-social, deste, o que cabe ao presidente Lula, líder-estadista, de centro-esquerda, moderado, reformista e revisionista, sabedor do odioso ativismo conservador-miliciano, e pseudorreligioso, anti-comunista, anti-socialista, anti-PT e anti-esquerda é seguir buscando governabilidade para poder operacionalizar a sua governança pragmática conciliadora, amenizadora da luta de classes, numa espécie de pacto pelo capitalismo social-desenvolvimentista, industrializador, trabalhista, que atenue a exploração burguesa sobre o trabalho, contudo, sem romper com o poder do capital.

O fato é que não construímos uma extrema-esquerda, neste país, o que fez a burguesia, que mantém uma reserva extremo-direitista, neonazifascista, e um exército de golpistas idiotas, sempre a postos, para desgastarem, desestabilizarem e derrubarem governos democrático-populares.

O quê a esquerda deveria fazer, e nunca o fez, é desenvolver forças populares, dinâmicas e combativas, não apenas para disputar eleições, mas para organizar as massas para o confronto definitivo, com a elite do atraso, e erguermos, a partir da vitória das classes produtivas, agrárias e urbanas, um outro Brasil, a nação justa, soberana e socialista, que tanto sonhamos, mas até então não ousamos construir.

Até lá, vamos sobrevivendo, neste capitalismo resiliente, entre uma direita ideológica e uma centro-esquerda, que não vai além do pragmatismo.

Fiz, faço e seguirei fazendo o 'L', até que a classe trabalhadora brasileira se unifique e reúna a configuração de forças necessárias à revolução popular, que derrotará de uma vez por todas a burguesia e o seu sistema de dominação, exploração e poder capitalista.

Marco Paulo Valeriano de Brito
Enviado por Marco Paulo Valeriano de Brito em 27/06/2023
Código do texto: T7823709
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