UMA MINORIA BARULHENTA QUE SANGRA

MINORIA BARULHENTA QUE SANGRA.

POR VALÉRIA GUERRA REITER

O auxílio emergencial que surgiu como “tampão” para estancar o sangue que flui das entranhas de um povo desassistido vem se constituindo em oferenda aos deuses da Morte.

Depois de batalhar em filas, ou passar as madrugadas lutando com um aplicativo que até bem poucos dias nem funcionava: parcela de uma população sofrida recebeu seu auxílio da morte, apenas 600,00; porém a situação ainda é desencontrada, já que existem dezenove milhões de brasileiros que ainda não receberam o apelidado “coronavoucher”.

Dezenove milhões de seres humanos que aguardam ansiosos pela ajuda, e que de quebra poderão se contaminar em numerosas filas da Caixa Econômica Federal:"sangram". Eles necessitam sacar o novo direito. Direito que tem dado o que falar. O número é gritante e reflete o quanto a desigualdade social é um flagelo. O número é alarmante e sofreu um reducionismo na boca do chefe da Nação. Daquele que comanda o país; que em pronunciamento (ontem) ao lado do presidente da Caixa Econômica Federal proferiu que só uma “Minoria barulhenta” ainda não recebeu o auxílio.

Esta declaração a meu ver é tirânica, e exala um menosprezo ferrenho em relação ao povo. Assim como o “Cala boca” carregado de mandonismo que ecoou na direção da Imprensa há dois dias, também vindo dele. Será que está difícil de entender que estamos vivendo sob uma saraivada constante de constrangimentos e assédios? O jornalismo precisa recuperar sua autoridade, ele possui um código de ética, que no inciso VII, do artigo 12, em seu Capítulo III diz que é dever do jornalista defender a soberania nacional em seus aspectos político, econômico, social, e cultural.

Além do que neste mesmo Código consta expresso em seu Capítulo I, artigo primeiro, que este "Código" tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange o seu direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação. E o que faremos diante da chuva de descortesias que vem assolando o mundo jornalístico? Cada indivíduo ofendido, inclusive por apoiadores bolsonaristas, está sendo lesionado em sua integridade.

Há sangria. O país está fora do eixo. E tudo em nome do dinheiro. Há uma guerra estabelecida. Nunca se viu tanta estupidez e heresia. A falácia e a cupidez são as palavras de ordem. A Cultura está relegada à mediocridade e à ignorância, e o militarismo se enraíza implodindo as bases da nação, inclusive no Ministério da Saúde, que conta hoje com uma política genocida e hostil ao pobre. A única via que sobra é a de uma Esquerda alinhada com ela mesma, no sentido heróico do termo, senão não teremos mais o Brasil e sim, o Brazil, e “O Brasil nunca foi ao Brazil.

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 08/05/2020
Reeditado em 09/05/2020
Código do texto: T6941329
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