Há um Bolsonaro em cada um de Nós

Dentro de nós existe um Bolsonaro. Em alguns, bem alimentado por décadas. Em outros, despertado depois de décadas hibernando ou abortado recentemente, natimorto, minoria.

Bolsonaro não é um absurdo para a maioria dos brasileiros. Ele faz sentido, mesmo para os que discordam dele: não demos ao Bolsonaro uns avassaladores 2013 ou 2015.

Bolsonaro é a nossa ignorância louca gritando desvairada. Desesperada em estar certa, mas imersa na cegueira da própria limitação intelectual.

É a nossa covardia e sadismo com os pequenos e frágeis. Ele é a nossa vontade de destruir tudo o que não entendemos e cuspir na cara dos sábios.

É o nosso elitismo fascista, de quem se sente mais gente do que os demais, por sua cor gênero e origem social. Que não se comove com sangue e sofrimento de quem lhe esta abaixo socialmente.

Ele representa nossa estupidez, nossa agressividade como reação ao desconhecido e diferente. Um complexo de inferioridade armado e destrutivo contra as verdades inquietantes sobre a própria miséria existencial.

Nossa ignorância desavergonhada e despeitosa com os mais estudiosos e sábios. A reflexão como algo a se evitar como fraqueza e hesitação.

Nossa falta de vergonha em falar daquilo que não sabemos. Do falar grosso e ameaçador como sinal de convicção. De um pretenso direito e poder violento sobre mulheres e filhos.

De mentir por uma boa causa e acabar confundindo a mentira com a verdade.

Ele é a nossa vontade de derramar o sangue daqueles que nos obstruem o caminho, que não nos poupam de críticas. De destruir os que não comungam de nossas verdades.

Daquele que não aceita que a mulher saiba mais que ele. Que o mais pobre seja tão ou mais inteligente que ele. É a nossa reação primitiva e grotesca a tudo que ameaça nossos privilégios e vantagens sobre os demais.

Ele é o nosso complexo de viralatas que responde com um murro a piada tola e com tiros o vizinho que reclama do som alto. Do que avança o sinal vermelho e se sente roubado pelo governo quando não consegue evitar a multa. Do que reclama da corrupção, mas dá seus jeitinhos.

Bolsonaro sabe que não esta sozinho. Sabe que fala por milhões mais do que por si mesmo. Ele é a voz do Brasil violento, que antes estava nos subterrâneos da mente e dos guetos como uma arma contra os mais fracos, e que agora desfila a luz do dia trocando tiros com o bom senso.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 19/08/2019
Reeditado em 11/03/2021
Código do texto: T6724302
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