Hackers: uma desesperada manobra diversiva
Estão visíveis as tentativas da Globo e dos ingênuos úteis de tirarem o foco do conteúdo dos diálogos da Lava Jato para supostos hackeamentos de celulares de promotores e juízes.
Se houve estes crimes é natural que sejam investigados. Crimes e ilegalidades cometidos por agentes públicos não são menos graves, ainda mais quando comprometem a vida de terceiros.
Quem prejudicou mais instituições os supostos hackers que reveleram a ilegalidade ou a prática da ilegalidade revelada que, além de desmoralizar as instituições, prejudica terceiros? A conveniência parece ter decidido.
As tentativas de incriminar o jornalista mostram ainda como a conveniência facilitada pela ignorância do povo e má-fé dos manipuladores.
Aqueles que pedem a deportação do jornalista Gleen Greenwald, que a pouco reclamavam de censura do STF às reportagens criticas ao mesmo pelo Antagonista e Crusoé, também mostra o nível de coerência e honestidade intelectual (para não dizer analfabetismos jurídico e outros) dos indignados de plantão. Eram os mesmos que temiam uma Venuzuela ou Cuba pelas mãos do PT.
Segundo a nossa atual Constituição:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XIV - e assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
A divulgação de informações de interesse público por parte de um jornalista não pode ser criminalizada sem com isto afetar direitos protegidos na cláusula pétrea da Constituição.
Ele também não é obrigado a revelar suas fontes. Cabe a polícia investigar quem e por quais meios tal sigilo foi quebrado.
Em todo caso, vale lembrar que o próprio Moro disse(9/4/2019) : "O problema não era a captação do diálogo e a divulgação do diálogo, mas era o diálogo em si, uma ação visando burlar a justiça”.
www.revistaforum.com.br%2Fmoro-caiu-na-propria-armadilha-quando-defendeu-vazamento-de-telefonema-entre-lula-e-dilma-no-programa-do-bial%2F&psig=AOvVaw2THODfmwE6Aah0gTo4wXm4&ust=1560787254033381
O famoso diálogo entre Dilma e Lula, divulgado ilegalmente por Moro, foi por ele mesmo reconhecido como erro: "Determinei a interrupção da interceptação, por despacho de 16/03/2016, às 11:12:22 (evento 112). Entre a decisão e a implementação da ordem junto às operadoras, colhido novo diálogo telefônico, às 13:32, juntado pela autoridade policial no evento 133. Não havia reparado antes no ponto, mas não vejo maior relevância".
https://www.conjur.com.br/2016-mar-17/moro-reconhece-erro-grampo-dilma-lula-nao-recua
O estrago já havia sido feito e contribuiu indiretamente para tornar a opinião pública favorável às investigações ao desgatar sistematicamente a imagem de Lula. Um exemplo destas ações sistemáticas:
"Eu iria direto na jugular, falando que culpar quem morreu é uma tática velha de defesa”, disse Santos Lima.
https://www.revistaforum.com.br/ex-procurador-da-lava-jato-que-mandou-ir-na-jugular-de-lula-usando-marisa-ataca-the-intercept/
Mesmo aposentado, aos 55 anos, Santos não muda o tom verborragico e soltou em sua página no Facebook, segundo o site Revista Forum:
"O hoje palestrante também ataca a liberdade de imprensa, ao dizer que ela 'não cobre qualquer participação de jornalistas no crime de violação de sigilo de comunicações”
Intimidar jornalistas levantando suspeitas infundadas sobre envolvimento dos mesmos em crimes que eles denunciam é pratica de regimes de exceção e não de democracia - coisa que o brasileiro médio nem imagina o que seja.
É preciso ter pouca vergonha na cara por parte dos que aplaudiram vazamentos seletivos e ilegais, alegando interesses públicos, e agora se doerem por Moro e sua equipe de promotores pelos vazamentos das conversas conspiratórias da Lava Jato.
A desonestidade é a raiz da corrupção, se somos desonestos com nossos principios quem dirá com outras coisas. Fica o conselho, para quem é de conselhos.