O VÁCUO POLÍTICO E A PROCURA DO HERÓI .

O problema de se dar soluções fáceis para situações complexas, é que, quase sempre o resultado que se consegue, é o de desilusão completa.

Andando pela história podemos entender que o mundo, nunca viveu um acontecimento que não fosse levado pelo efeito de necessidade. Ou seja mudanças bruscas na sociedade não acontecem por pura vontade de mudanças internas do individuo.

Alguns exemplos que podem explicitar melhor isso, é o chamado fim da idade média. Será que o renascimento cultural, politico e filosófico, teria ocorrido se a Europa não sofresse com a peste negra? Ou mesmo com a guerra dos cem anos? Será que as navegações em busca de especiarias da Índia aconteceriam, se os caminhos não fossem bloqueados por tropas turcas? Num contexto mais atual, o que seria da revolução francesa, se anos antes, a mesma França não tivesse ajudado as 13 colonias dos EUA na luta pela independência, contraindo dívidas, obrigando uma nobreza cheia de regalias, terem que aumentar impostos, fazendo os pagadores no caso os burgueses a se revoltarem?

Aqui no Brasil a história segue esse mesmo curso de causalidade e casualidade. Mas aqui, temos um fator que moldam nossos caminhos, somos um país de estrutura católica, com fortes tendências conservadoras. Sempre procuramos um salvador, aquele que irá nos guiar para o futuro no paraíso.

Quanto mais a história anda, mais nos incomodamos com a falta do salvador, com a demora do futuro prospero e no fim cansamos de um discurso e vamos para outro. Um programa velho de tv perde audiência se não se renova, e a novidade, mesmo que imperceptível, nos agrada.

O Brasil curtiu os anos de chumbo, (sim engana-se quem acha que a população desaprovava o regime, muitos mal sabiam o que era.) mas cansou, e o discurso de pensadores sufocados da esquerda militante fizeram sucesso. Brizola, Quercia, Lula, FHC, Tancredo e Ulisses, todos contrários ao regime militar, viram seus nomes brilharem durantes três décadas.

Só que o discurso mudou, cansaram das mesmas caras, cansaram do papo politico atrasado. Agora o que reina é o sentimento de mudança, e isso explica o efeito Bolsonaro, que nada mais é, que o preenchimento do vácuo politico deixado por desmandos, discursos demagógicos, descaso com segurança publica e politicas econômicas fracassadas, deixadas pela esquerda no poder por tanto tempo. A brasa que incendeia o coração brasileiro hoje em dia, é incentivada, pela vontade de mudar o que está vigente, amanhã esse discurso acalorado e radical será contestado também, mas por agora ele é que faz sucesso.

Normal, esse é o curso da história. Como a peste negra, que dizimou milhares de vidas e fez a Europa dar poderes a reis que formaram estados absolutistas, o discurso da direita radical, também encontrará sua criptonita, lógico que depois de curtir um bom tempo de lua de mel, como foram os anos de esquerda dominante no país e como disse, o Brasil é um país que procura seu salvador, mas sabemos que homens não tem esses poderes. Isso explica talvez o sucesso capitalista de sociedades protestantes, como foram os EUA, Inglaterra e outros da Europa, Weber tratou disso em seu livro, "A ética protestante e o espirito do capitalismo"

Se eu pudesse fazer uma aposta, diria que o centrismo será a nova onda que encherá os olhos da população num futuro próximo, a questão para mim é; Se isso acontecerá de forma lenta como Burke gostava, ou rápida como Payne difundia.