AINDA RESTA UMA ESPERANÇA
Willian Shirer, jornalista americano de origem alemã, autor do clássico “Ascensão e Queda do III Reich,” foi quem melhor retratou a experiência trágica do nazismo. Ele praticamente a viveu em toda sua inteireza, trabalhando na Áustria e na Alemanha, como correspondente do New York Times. Ao se referir à época em que esses fatos aconteceram ele a definiu como desprezível, pois os homens que governavam o mundo haviam perdido todo o senso de moral e justiça, para trocar tudo por um sentimento de poder que eclipsava todo e qualquer sinal de humanidade. Era a época de Hitler, Stalin, Mussolini, Vargas, Peron, para não falar de outros ditadores que infestavam a política mundial com seus egos gigantescos e suas ideologias odiosas.
Guardadas as devidas proporções e observadas as diferenças de estilo e forma, estamos vivendo uma época semelhante à que Shirer classificou como desprezível. Hoje estão se repetindo as condições que levaram o mundo às catástrofes da primeira metade do século passado. Agora temos Donald Trump, Kin Jong-un, Nicolás Maduro, Bashar Al Assad, Wladimir Putin e outros, dando razão a Nietzsche, na sua sinistra visão do eterno retorno. E como as coisas tendem a se repetir sim, mas sempre em uma órbita mais alta da espiral do tempo, com certeza os resultados serão diferentes. Mais trágicos talvez. Como dizia Alexandre Kadunc, um dos maiores jornalistas que este país já teve, o fim do mundo será publicado em letras garrafais, mas não haverá ninguém para ler a manchete.
Há quem diga que o mundo é igual em toda parte, e o que acontece no interior de um átomo é igual ao que acontece na vastidão do espaço cósmico. Quando Shirer registrava os atos de Hitler, Stalin, Mussolini e outros cancros que a humanidade gestou, por aqui tínhamos vários egomaníacos, loucos para imitar seus ídolos europeus e asiáticos. Hoje não precisamos procurar muito para achar as metástases desses tumores malignos que contaminam a nobre arte da política com suas ideologias messiânicas e enganadoras.
Como dizia Platão, Deus criou o mundo dos arquétipos para dar orientação aos homens. Gerou conceitos como honestidade, justiça, moral, decência, equidade, para servir de padrões de conduta para o espírito humano e guiá-lo na construção de uma sociedade hígida, capaz de proporcionar felicidade ao maior número possível de pessoas. Mas parece que tudo isso se perdeu, ou pelo menos foi esquecido pelas pessoas que dirigem o mundo nos dias de hoje. Quando essa noção se perde, a época se torna desprezível e indigna de ser vivida. O único problema é que esta é a nossa época e somos também responsáveis pelo que acontece nela, em razão das nossas escolhas.
Não podemos escolher o tempo em que queremos viver, mas podemos influir nele com as nossas atitudes. Se ainda resta uma esperança, como dizia J.M. Simmel em seu romance sobre a reconstrução da Alemanha, a nossa é essa. Vamos cuidar para que ela também não se perca.
Willian Shirer, jornalista americano de origem alemã, autor do clássico “Ascensão e Queda do III Reich,” foi quem melhor retratou a experiência trágica do nazismo. Ele praticamente a viveu em toda sua inteireza, trabalhando na Áustria e na Alemanha, como correspondente do New York Times. Ao se referir à época em que esses fatos aconteceram ele a definiu como desprezível, pois os homens que governavam o mundo haviam perdido todo o senso de moral e justiça, para trocar tudo por um sentimento de poder que eclipsava todo e qualquer sinal de humanidade. Era a época de Hitler, Stalin, Mussolini, Vargas, Peron, para não falar de outros ditadores que infestavam a política mundial com seus egos gigantescos e suas ideologias odiosas.
Guardadas as devidas proporções e observadas as diferenças de estilo e forma, estamos vivendo uma época semelhante à que Shirer classificou como desprezível. Hoje estão se repetindo as condições que levaram o mundo às catástrofes da primeira metade do século passado. Agora temos Donald Trump, Kin Jong-un, Nicolás Maduro, Bashar Al Assad, Wladimir Putin e outros, dando razão a Nietzsche, na sua sinistra visão do eterno retorno. E como as coisas tendem a se repetir sim, mas sempre em uma órbita mais alta da espiral do tempo, com certeza os resultados serão diferentes. Mais trágicos talvez. Como dizia Alexandre Kadunc, um dos maiores jornalistas que este país já teve, o fim do mundo será publicado em letras garrafais, mas não haverá ninguém para ler a manchete.
Há quem diga que o mundo é igual em toda parte, e o que acontece no interior de um átomo é igual ao que acontece na vastidão do espaço cósmico. Quando Shirer registrava os atos de Hitler, Stalin, Mussolini e outros cancros que a humanidade gestou, por aqui tínhamos vários egomaníacos, loucos para imitar seus ídolos europeus e asiáticos. Hoje não precisamos procurar muito para achar as metástases desses tumores malignos que contaminam a nobre arte da política com suas ideologias messiânicas e enganadoras.
Como dizia Platão, Deus criou o mundo dos arquétipos para dar orientação aos homens. Gerou conceitos como honestidade, justiça, moral, decência, equidade, para servir de padrões de conduta para o espírito humano e guiá-lo na construção de uma sociedade hígida, capaz de proporcionar felicidade ao maior número possível de pessoas. Mas parece que tudo isso se perdeu, ou pelo menos foi esquecido pelas pessoas que dirigem o mundo nos dias de hoje. Quando essa noção se perde, a época se torna desprezível e indigna de ser vivida. O único problema é que esta é a nossa época e somos também responsáveis pelo que acontece nela, em razão das nossas escolhas.
Não podemos escolher o tempo em que queremos viver, mas podemos influir nele com as nossas atitudes. Se ainda resta uma esperança, como dizia J.M. Simmel em seu romance sobre a reconstrução da Alemanha, a nossa é essa. Vamos cuidar para que ela também não se perca.