Tudo em Paes?
As passagens de Paes de Andrade, Parlamentar cearense, pela Presidência da República, foram onze, todas elas durante o Governo de José Sarney (1985-90). Como é sabido, com a morte do Presidente-indiretamente eleito, Tancredo Neves, sem ao menos assumir, seu vice, ainda no viço e vício da política, tomou posse sem que ao menos lhe fosse passada a faixa presidencial pelo último General, cuja saída inglória foi pelos fundos do Palácio, e da história.
Contudo, não era o melhor que estava por vir desses ilustres, no lustre a seguir. Até sem o cavalo que o General João consigo levou, a inflação galopou. E a farra de apadrinhamentos, a toda voltou. E o marajanato, asas ganhou.
Em uma de suas passagens pela mais elevada Magistratura do país, fato que ficou para história, Paes de Andrade, com todo pompa protagonizou: sua cidade natal, Mombaça, CE, capital do país por um dia se tornou.
Registros jornalísticos e testemunhais da época, bem como até no o obituário de Paes, falecido em 2015, destacam o ineditismo e a intrepidez da medida - que comportou o traslado do então Presidente em exercício de Brasília-Mombaça-Brasília - e que propiciou o justo clamor para a atenção das autoridades federais para com as necessidades e carências históricas do Nordeste.
Com efeito, além da solenidade oficial de acolher um filho da terra em exercício da Presidência, foram assinados na ocasião vários atos, sobretudo projetos hídricos que beneficiavam, ou beneficiariam, aquela castigada a catingada região.
Mas houve, há e haverá controvérsias à pretensa grandeza do gesto: fanfarronice, mau exemplo, ego despropositado e despesas desnecessárias...
Vinte e nove anos passados, teria vontade de conhecer uma avaliação isenta, crítica desse marco que fez Mombaça a capital do país por um dia, e dos benefícios à região, desde então hauridos. A outra Mombassa de que tenho conhecimento é cidade queniana, torrão natal certamente de muitos filhos ilustres que ainda não teve esse privilégio, mas quem sabe, conhecendo nossa história, prefira evitar seguir curso semelhante...?
E quis o destino que justamente o genro de Paes de Andrade se tornasse Presidente do Senado Federal e, herdeiro da tradição do sogro, chegou também à Presidência interina da Nação.
Um retorno a Mombaça seria programa de Índio?