Próximo alvo: Jair Bolsonaro

A vitória de hoje não foi da direita, mas do centro. Esta direita que se sente representada pelo possível candidato Jair Bolsonaro verá os mesmos recursos midiáticos e políticos sendo usados para atacar a imagem deste candidato e permitir que Alckmin ganhe a presidência para 2019.

A polêmica dos apartamentos milionários é só o começo desta campanha. Isto acontecerá por que Alckmin não tem uma proposta política e econômica que não se confunda com a do governo Temer, que não é nada popular.

Se o candidato tucano dedicar o farto tempo disponível falando de suas propostas de privatização, reformas, contenção de gastos, tornar o país atrativo para investidores com certeza perderá a eleição.

Ao se pautar em geração de empregos terá um discurso superficial de melhoria salarial estará falando de coisas que sabe que não vai garantir. Terá que dar como exemplo a política de Temer, o que pode não ser uma boa ideia. Isto por que não pode, como o PSDB sabe e já tomou providencias quanto a isto, ser associado a política econômica de Temer.

Provavelmente, terá que gastar o tempo que tem desconstruindo o Bolsonaro, mostrando suas polêmicas e contrapontos a sua política de segurança pública.

Se a esquerda for pra cima do Alckmin, Bolsonaro ganha. Isto pelo simples fato de que Bolsonaro é visto como o candidato não político, não partidário. Quanto mais o sistema político é desmoralizado, mais Bolsonaro se apresenta como alternativa a um sistema corrupto comum aos partidos.

Em outras palavras, quanto mais se anuncia que a corrupção é generalizada e abrange diversos partidos, mais votos migrarão para Bolsonaro.

A esquerda no Brasil está em plena crise identitária. Suas lideranças sem poder e prestígio, e seus grupos radicais estão pouco maduros para assumir a liderança do partido. Fora o grande desprestígio por conta dos escândalos de corrupção e da crescente oposição anti-esquerda.

Enfim, se a esquerda for pra cima do Alckmin, Jair Bolsonaro ganhará a eleição para presidente. Se a esquerda for pra cima de Bolsonaro só ajudará a fortalecer sua posição, também fundamentada no anti-esquerdismo crescente na sociedade.

Se pensado de forma estratégica, é melhor para a esquerda que Bolsonaro ganhe. Por que será um governo muito instável, de alianças pouco confiáveis e com sérias dificuldades de colocar em prática suas promessas. Esta situação enfraqueceria a direita e o centro juntos, abrindo possibilidade para a volta da esquerda ao poder.

Se o Alckmin ganhar, teremos aquela estabilidade política e econômica, embora com pouquíssimos avanços sociais. É bom lembrar que o povo reelegeu Fernando Henrique Cardoso, um bom exemplo deste tipo de estabilidade, pelo medo da inflação e crise ainda memoráveis dos anos anteriores ao de FHC.

Creio que poucos na esquerda pensarão desta forma estratégica. É provável que os apoiadores de Bolsonaro atraiam a esquerda mais radical contra os mesmos. Deixando Alckmin tranquilo em sua campanha.

Se a campanha de Alckmin for inteligente, não atacarão os pontos em Bolsonaro que são positivos na opinião do povo. Tentarão mostrá-lo como um homem descompensado, arrogante com as mulheres e despreparado para a política. Se seus marqueteiros se atreverem a levantar bandeira dos direitos humanos colocarão em risco a vitória de seu candidato.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 24/01/2018
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