O EGO DO GILMAR
 
O espírito de natal baixou no Supremo Tribunal Federal. Especialmente no Ministro Gilmar Mendes. Aliás, nada mais apropriado que o espírito do bom velhinho encarnasse justamente no irascível magistrado, pois ele, desde algum tempo, tem sido um magnânimo distribuidor de benesses, concedendo habeas corpus a torto e a direito para os políticos e empresários presos por corrupção e outros crimes contra a nação.
Os contemplados por essa onda de bondade pelo Ministro são todos criminosos de colarinho branco. Não tem nenhum pobre coitado nesse rol. E o Ministro ainda justifica dizendo que “a condição econômica favorecida dos réus não pode ser invocada para excluí-los do benefício” Esse foi o argumento que ele usou para mandar para casa a ex-primeira dama do Rio de Janeiro, Adriana Ancelmo.  Quer dizer, o fato de ela ser milionária (condição que ela adquiriu saqueando os cofres públicos) e poder pagar para que seus filhos sejam bem cuidados enquanto ela cumpre pena pelos crimes praticados não significa nada.
Direito é direito. Com esse argumento ele está botando na rua a ladrãozada, sem se preocupar com a indignação nacional.
Existem no Brasil, pelo menos umas cinquenta mil mães na mesma situação da Adriana Anselmo. O problema é que elas não podem pagar um advogado influente para impetrar habeas corpus para elas, e justificar, com argumentos tão convincentes, que elas precisam ser soltas para cuidar dos filhos menores.
Ah! O nosso Brasil. Não basta o governo ter sido tomado pelos corruptos, não importa  que o crime tenha se tornado uma opção de vida para a nossa juventude sem trabalho, não basta a vergonha, a desordem, o mal estar e o desconsolo que se abateu sobre o país com a triste situação em que ele se encontra e ainda se descobre que a Suprema Corte da nação, última trincheira da dignidade nacional, está infiltrada por indivíduos de cabeça torta como sua Excelência, o Dr. Gilmar. E o pior é que ele já fez prosélitos na bancada, pois Dias Tofolli, Ricardo Lewandowsky e Alexandre Moraes parecem estar no mesmo caminho.
Sabemos porque Gilmar Mendes está tomando essas posições, tão contrárias ao desejo da nação. É por causa da sua querela pessoal com o Ministério Público Federal, estabelecida com o ex-procurador Rodrigo Janot, seu adversário e desafeto. Dois indivíduos de ego maior que a reserva moral que um profissional nessas posições deviam ter. E por questões unicamente de inveja , Gilmar Mendes afronta toda a opinião pública, exorbita suas funções de magistrado e se torna o grande defensor dos criminosos de colarinho branco, jogando na lata de lixo a esperança da nação, de ver o país passado a limpo. Quanto aos demais Ministros que estão seguindo a sua linha de conduta, é evidente que eles estão pagando o preço de suas indicações, já que suas escolhas foram eminentemente políticas-partidárias. Isso, e também o fato de serem extremamente vaidosos e se sentirem muito incomodados com o protagonismo e a exposição midiática que o Ministério Público, a Polícia Federal e os juízes de primeira instância estão experimentando, ao desbaratar quadrilhas e mandar prender gente importante.
Com uma Corte Suprema dessas vai ser difícil limpar a sujeira moral que se acumulou nas principais engrenagens da vida pública do país. Para livrar a nação da praga que representa os políticos corruptos nós ainda temos o voto. Mas para curar a Corte Suprema do egocentrismo que está causando tanta indignação ao povo brasileiro, qual será o remédio? Um Freud de farda, talvez?