SOMOS TODOS IMPERDOÁVEIS
 
No filme “Os Imperdoáveis”, de Clint Eastwood, um pistoleiro aposentado resolve voltar á ativa para ganhar algum dinheiro e sair da vida miserável que estava vivendo. Sua missão: matar dois vaqueiros que haviam retalhado á faca o rosto de uma prostituta. As colegas dela, num ato de corporativismo e defesa da nobreza da profissão, se cotizaram e botaram um prêmio sobre a cabeça dos dois vaqueiros que ousaram desrespeitar a mais antiga profissão do mundo. 
Esse filme, que faturou o Oscar em 1992, é uma obra que foge aos padrões usuais dos filmes de faroeste. Desmistifica o gênero, onde o arquétipo sempre foi o bem contra o mal, e no fim, do mocinho que ganha a briga e beija a mocinha. 
Em os “Imperdoáveis” não há mocinhos, somente bandidos. E a gente não sabe para quem deve torcer. Se para os pistoleiros que matam os vaqueiros, se para o xerife valentão e autoritário que desce o pau em todo mundo, se para as prostitutas que querem sua vingança, se para os vaqueiros com a cabeça a prêmio, que no fundo só reagiram à uma espécie de bullying que uma dela fez com um deles.(Riram do tamanho do bilau do cara).
É mais ou menos a mesma coisa que está acontecendo no Brasil de hoje.  Ninguém sabe quem é mocinho e quem é bandido nesse tiroteio que está pipocando em Brasília. Só se sabe que são todos imperdoáveis. Tem vilão de todos os tipos e para todos os gostos.  
Tem até xerife truculento e autoritário que achou que podia legislar, julgar e ele mesmo executar a pena. É Dr. Janot, que como o xerife dos Imperdoáveis, acaba morrendo no final. Pois ao que parece, ele vai acabar virando réu, acusado pela Câmara dos Deputados de armar uma conspiração para derrubar o Presidente Temer. Seria cômico se não fosse trágico. E nesse faroeste caboclo que está sendo rodado em Brasília não faltam os juízes parciais, que como o velho Roy Bean, caricato magistrado do filme “O Galante Aventureiro”, manda enforcar ladrões de cavalo e deixa livre os ricos fazendeiros que praticam todos os tipos de crimes.
Nos velhos faroestes de Hollywood, quando tudo parecia estar perdido, a cavalaria sempre aparecia para salvar os mocinhos no final. Mas nos quartéis brasileiros parece que tudo está calmo. Não se ouve nem ensaios daquele clarim que anunciava a chegada do batalhão de salvadores da pátria. Ou quando não era o exército que chegava para salvar a lavoura, contratava-se um pistoleiro dos bons para limpar a cidade. Há quem pense que o Bolsonaro pode fazer esse papel. Ou então o Sérgio Moro ou o Joaquim Barbosa.
Mas só quem pode nos salvar nesse tiroteio somos nós mesmos. Temos que empunhar nossos votos e limpar nosso país desses bandidos. Ou fazemos isso, ou então os imperdoáveis seremos todos nós.