DANDO FORÇA AO CAPETA

                                        A POLÍTICA SATANIZADA
 
A discussão sobre a imunidade de deputados estaduais dividiu o plenário do Supremo Tribunal Federal. Já era esperado. Todos sabem que lá existe uma composição mista que se divide entre ministros técnicos e políticos. Não foi surpresa os votos de Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. O primeiro é conhecido por seus argumentos confusos e contraditórios, sempre na contra mão da lógica e dos fatos. Aliás, ele só está lá por ser primo de Fernando Collor de Mello. Alexandre de Moraes é outro que foi posto no Supremo por obra e graça de necessidades políticas que precisavam ser atendidas. Evidente que um sujeito que foi indicado justamente pelas pessoas que ele vai julgar não iria renegar antigas fidelidades. Ele está pagando com juros a indicação. Nenhum político será condenado com o voto dele.
De Gilmar Mendes nem é preciso falar. Esse, um dia será canonizado como santo patrono dos criminosos de colarinho branco, pois é notável a combatividade com que ele defende os bandidos, políticos e empresários, que promoveram essa verdadeira rapinagem nos cofres públicos do país. 
Dos cinco ministros que votaram contra a possibilidade de as assembleias revogarem prisões contra deputados estaduais, só Dias Toffoli surpreendeu, pois esse ministro tem mostrado uma clara tendência de votar mais de acordo com suas tendências ideológicas do que com as provas do processo. De Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia já se esperava que votassem contra esse verdadeiro absurdo, que é dar aos deputados estaduais competência para julgarem a si mesmos, subvertendo todo o sistema jurídico do país. A decepção ficou por conta do decano Celso de Mello, que sempre foi uma voz ponderada e lúcida dentro da Corte Suprema. Não se esperava que ele votasse a favor da impunidade de uma classe que está envergonhando a nação.
As prerrogativas parlamentares e o foro privilegiado não foram feitos para blindar bandidos que assaltam os cofres públicos, mas para proteger mandatos parlamentares contra ditaduras de plantão. Como disse a ministra Carmem Lúcia, “a corrupção está sangrando o país”. É preciso que o sistema jurídico dê uma resposta adequada contra esse estado de coisas, restabelecendo a ética que deve nortear os negócios da vida pública. Não pode permitir que a imunidade se torne impunidade, como parecem querer alguns dos membros do Supremo.
O julgamento não terminou porque faltam dois votos para completar o quorum necessário. Não votaram os ministros Ricardo Lewandowky e Luis Roberto Barroso. Lewandowky tem jogado no time dos ministros políticos, desprezando a ética, a moral e a Justiça em nome de uma ideia de “governabilidade”. Mostrou isso no julgamento do Mensalão quando advogou descaradamente a favor dos réus. Barroso tem se mostrado mais técnico do que político. Vejamos no que vai dar.
Não se trata de satanizar a política. Aqui ela já está mais que possuída pelo demônio. O pior é que, entre aqueles que poderiam exorcizá-la há quem prefira dar mais força ao capeta.