O zumbido da mamangava
Diferente das abelhas comuns, a mamangava costuma emitir um zumbido característico e alto ao volitar por sobre as flores, cumprindo seu dever de promover a polinização e perpetuação das espécies vegetais. Apenas um desses “abelhões” não causa tanto incômodo assim. Mas, se juntarmos vários deles, dezenas, como entidades demoníacas, aí teremos um barulho infernal, de dar nos nervos.
Como mamangavas do mal, os sons estridentes que nos chegam de Brasília começam a encher as medidas, a compor uma orquestra bizarra e desafinada, formada por demônios, zumbis, almas penadas e encostos de toda ordem. Em outras palavras, esse barulho todo envolvendo atores dos três poderes da pobre república federativa do Brasil já encheu bem o saco.
É muita roubalheira, bandidagem, desvios, mecanismos tortuosos utilizados, truques, passa-moleques, safadeza, malandragens, desrespeito à lei, que a nação, já à beira de um ataque de nervos, entende que é chegada a hora de se dar um basta! neste estado de coisas. E o fim disso, pelo menos é o que todos esperam, só pode ser um: bandidos atrás das grades e a nação retornando aos seus afazeres e ao clima de normalidade, com o sentimento da justiça feita.
Isso, é o que desejamos, mas não é o que eles querem.
Esse barulho todo que fazem só tem o propósito de confundir e deixar tudo como está, sem punir ninguém, ou apenas punir uns poucos envolvidos e chancelados como bois de piranha: entregam-se algumas cabeças para a manada passar livre, leve e solta, agrupando-se à frente para um retorno breve às lides costumeiras, já que a raposa perde o pelo, mas não o vício.
Isso é o que esses seres abjetos querem, mas é exatamente o que não podemos deixar que aconteça.
Temos de exigir punições já. E ao que parece, não estamos sozinhos nesta trincheira. Há roncos poderosos reverberando pelos mourões deste imenso Brasil. Chega, pois, desse blábláblá interminável – e cadeia a quem merecer. Só isso, nada mais que isso.
Seria pedir muito?