Questão de amizade
“Mais uma vez delatores presos, buscando conseguir sua liberdade e a redução da pena, constroem versões falsas e fantasiosas”, Dilma Rousseff.
Antes de mais nada, essas “versões falsas e fantasiosas”, para que não sejam assim consideradas, têm que ser comprovadas. O que cabe aos investigadores da Força Tarefa Lava Jato. Se elas não puderem ser sustentadas através de provas, não terão o menor sentido, fazendo-se jus à alegada inocência da ex-presidente, do ex-presidente e de atuais ou ex-integrantes do governo, ou parlamentares, envolvidos em acusações apuradas pelo MPF. Levando-se em conta que os delatados, como é de se esperar, sempre reagem da mesma forma quando são alvo de delações: negam tudo.
Por outro lado, as delações certamente feitas com o objetivo da redução da pena e da obtenção da liberdade não excluem as relações de intimidade, de caráter puramente comercial ou quaisquer outras mantidas entre os delatores e os acusados, antes da intervenção dos órgãos da Justiça. O que lhes terá permitido falar ou inventar o que em outras circunstâncias não seria divulgado. Então, essa repentina mudança de atitude, ou mesmo traição, dos delatores em relação a pessoas públicas de seu relacionamento anterior, fundamenta-se no desejo de não serem condenados sozinhos a penas que considerem excessivas. Mesmo sabendo que o que disserem de nada valerá se não puder ser comprovado.
No interesse de todos, essa deve ser a garantia da lisura do processo – a demonstração dos fatos. Eu digo que não fiz nada. Você diz que fiz. Então você ou alguém vão ter que provar. Só não podemos esconder é que antes de tudo isso, mantínhamos certo relacionamento, de amizade ou qualquer outro. O que nos terá permitido saber de coisas restritas a nós dois ou ao nosso círculo de pessoas conhecidas.
Rio, 14/05/2017