Os efeitos de uma guerra "burra"
Pois, depois de 12 anos, o Ex-premiê Tony Blair vem a público pedir desculpas pelos erros na Guerra do Iraque. Já era hora; afinal, depois de assistir a migração no norte da Europa, cujas causas estão fincadas nas ações de abuso de poder e propostas de moralidade duvidosas, o Mr. Blair deve ter convivido com o drama de consciência por ter sido, juntamente com seu amigo George W. Bush, os causadores do caos que ora se estabeleceu no Iraque e na Síria com o surgimento do Estado Islâmico.
No período que antecedeu a invasão do Iraque eu acompanhei todos os debates entre personalidades de vários setores internacionais, incluindo a ONU e, na época, estava bem claro, não havia nenhuma prova de que o Iraque tivesse arsenais de armas químicas, pretexto usado para o Iraque ser destruído.
Mesmo sem argumentos convincentes, Blair e Bush decidiram invadir o Iraque. É claro que não faltaram quem defendesse as ações dos dois mandatários, alegando, por exemplo, que o Saddam Hussein era um tirano e, por ter esse perfil precisava ser eliminado; mas aí fica a pergunta, e as outras dezenas de tiranos que comandam os vários países da Ásia e África, por que estes também não foram ou são depostos, julgados e punidos?
No caso em pauta é óbvio que os interesses eram outros, por exemplo, atender setores cuja matriz de ganhos econômicos ainda está fundamentada no velho e bom petróleo e na produção de armas de guerra. Um ranço, que embora fora de moda, ainda é um grande combustível para se fazer guerras, cujas consequências tem o jeitão de uma equação não-linear, a do caos.
Entre muitas dúzias de consequências danosas das ações consideradas imorais, temos o surgimento do Estado Islâmico e a migração de uma parcela da população do Iraque, Afeganistão e Síria em direção a Europa em busca de alguma possibilidade de preservar a vida. Enquanto isso os Estados Unidos e Inglaterra, responsáveis por inserir variáveis imprevisíveis na fórmula do caos desses países pobres, continuam omissos na busca de uma solução ou de investir na recuperação do desastre criado.
Mas o grande problema que eu vejo em tudo isso é que pouco se aproveita em termos de ensinamentos das experiências vividas e a história se repete em seus aspectos diabólicos e imorais; é como se estivéssemos estudando para nos tornar idiotas.