A volta do nacionalismo nos países desenvolvidos
A Inglaterra opta por sair da Comunidade Europeia. Os Estados Unidos elege um candidato com ideias nacionalistas. Países chamados desenvolvidos começam a repensar a socialização de sua posição econômica e cultural. Os riscos de uma sociedade aberta e globalizada dá início ao retorno ao nacionalismo. Com os olhos voltados para um modelo geopolítico com grandes movimentos migratórios fugindo da miséria e de zonas de conflitos políticos, sociedades que já foram exemplos de prosperidade e desenvolvimento resolvem fazer o retorno a um maior grau de proteção contra os problemas fora de suas fronteiras.
Os mesmos países que criaram os problemas no mundo globalizado são os mesmos que buscam soluções para os efeitos de suas políticas externas mal sucedidas. Parte da população inglesa como americana quando olham para fora e veem a fragilidade de outras comunidades em termos econômicos e sociais, preferem a manutenção de sua cultura tradicional e do status econômico.
A eleição de Donald Trump nos Estados unidos, com seu discurso nacionalista e propostas de encolhimento para mundo externo, gera em parte da população mais conservadora a perspectiva do glamour de épocas passadas. Desta forma cria-se uma nova percepção: sobre os efeitos internos tem-se o poder da administração, sobre os problemas externos não se tem poder de administração, portanto, a partir dessa nova posição que começa na Inglaterra e nos Estados Unidos, o mundo deverá ter fortes influências em seus mercados e em suas participações em outras comunidades.
A exemplo das famílias, que são micros cosmos que formam uma nação, que via de regra sempre se mostraram egoístas e com visão centradas em interesses próprios, comunidades ricas não tem a menor intenção de ajudar as comunidades pobres que começam a orbitar no mundo globalizado.
A questão cultural sempre foi um dos fatores fortes na caracterização dos povos e suas regiões e, o resgate e a preservação das culturas dos países começa a soar forte em parte das populações mais conservadoras e saudosistas, as quais não estão dispostas a correr riscos, sejam eles de quaisquer tipo. Mário Vargas Llosa diz em seu livro "A civilização do espetáculo", que estaríamos vivendo a era da pós-cultura ou anticultura, ou seja, a perda de valores tidos até pouco tempo como importantes. Mas, os processos de mudança, certamente, não passam despercebidos das pessoas e, também, estamos sujeitos a percepções que se desenvolvem a partir de mecanismos do inconsciente e intuitivos, os quais acabam tendo forte influência em nossos posições perante a eventuais afrontas às nossas rotinas e comprometam nossas zonas de conforto. Coisas da natureza humana.
A questão da globalização é antiga, ela começa com as expedições de Marco Polo no século XIII e com navegadores portugueses no século XV . Mas, atualmente, a globalização que se traduziu na cultura de desenvolvimento e integração entre povos, mostra que há efeitos indesejados, como a divisão do “bolo da riqueza e da segurança” e isto está fora das propostas e interesses dos que mais tem. Portanto, na minha visão, inicia-se um novo ciclo: o do efeito ostra, ou seja, viver sob o manto de armaduras. Amanhã fará parte desse time a França, a Alemanha...