O PODER DOS JOVENS

O PODER DOS JOVENS

Prof. Dr. Antônio Mesquita Galvão

A palavra jovem tem raiz no latim, na expressão ad juvare, ajudar. Para os antigos moradores da península itálica, jovem era quem se prestava a executar algum serviço, que servia para alguma coisa. De lá para cá os poderes sociais trataram de neutralizar a capacidade dos jovens, com as drogas, com idéias e ideais de valor duvidoso, com a música barulhenta, alienada e alienante made in Woodstock. A mídia nacional, a partir de alguns programas de televisão sempre tentou passar a imagem de uma juventude de bobalhões, gente que não quer assumir compromissos, autênticos “rebeldes sem causa” a exemplo da juventude americana dos anos 50.

Em 2013 aconteceu algo inusitado, quando ocorreu no Rio a 28ª. Jornada Mundial da Juventude. O papa Francisco enfatizou a necessidade de os jovens serem protagonistas do processo social, ao dizer “Não deixem que ninguém tire a sua esperança”. No mesmo evento o papa deixou uma corajosa mensagem aos jovens do mundo, especialmente aos brasileiros: “Peço que vocês sejam revolucionários, eu peço que vocês vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, não crê que vocês sejam capazes de assumir responsabilidades, crê que vocês não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir contra a corrente”. E tenham também a coragem de ser felizes!” (in. Encontro com os Voluntários da XXVIII JMJ, 28 de julho de 2013).

Em alguns casos o jovem não sabe ainda o poder que tem. Vão às ruas em protestos os professores, os operários, as donas de casas e o Governo não está nem aí... Mas quando os jovens se mobilizam o poder treme, seja civil, militar ou eclesiástico. Diante da iminência da aprovação da PEC (projeto de emenda constitucional), um golpe dentro do golpe, diversas forças (?!) da sociedade estrilaram sem resultado. Aí os jovens se levantaram e se dispuseram a ir às ruas e protestar, e o Governo tremeu, a ponto (e este é um sintoma de quem reconhece que está acuado) de mandar bater na gurizada. Totalmente fora do eixo psicossocial (os jovens diriam “fora da casinha”) Michel Temer sem outro recurso, tentando desqualificar as iniciativas, acusou os que invadiram maciçamente as escolas de baderneiros e gente ignorante, sem rumo que nem sabe o que quer dizer PEC. Nem precisam saber; eles tem ciência que é algo nefasto, que coloca seu futuro socioeconômico em risco.

Sobre isto eu ouso dizer que quem afirma que a juventude está perdida, nem chegou perto de uma escola invadida.

Ex-Professor universitário, filósofo e Doutor em Teologia Moral