Temer a uma queda no abismo
 
      “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência. (Provérbios 9:10).”
         Temor e temer são sinônimos? Parece um jogo de letras muito feliz, apenas o deslocamento de uma e o mesmo significado, legal, só que temer é a qualquer coisa; e temor mais explicitamente ao Senhor e a Deus.
         Busquei definições na Bíblia e nos dicionários para materializar o momento do entendimento do verbo “temer”, notadamente, tememos a um quantitativo significativo de coisas, fatores, momentos, passagens da vida e por que não, à morte, mesmo na condição de única certeza.
         O temor é muito bem definido no que tange a quem devemos temor, somente ao Senhor, Deus, Todo-Poderoso, e a mais ninguém.
         O ser humano na sua busca infinita de superação e dominação sobre todas as coisas, inclusive às de Deus, talvez se olvide do momento mais sublime da criação; o da vida.
         Sentimentos poderosos e antagônicos emergem à tona de um rio caudaloso da soberba, da arrogância, da disputa pelo poder, mesmo que duvidosos ou questionáveis, não medindo esforços muitos deles inescrupulosos para atingir aos fins, a despeito dos meios utilizados. 
         E o que tememos nos dias atuais? Nossa!!! Terá espaço neste artigo para enumerá-los?  
         Alimento uma dúvida, acho que não. Tememos a tudo: ao sair de casa para o trabalho; para um simples jantar; a uma praia; ao recepcionar a um amigo; ao desopilar; enfim, a tudo praticamente não temos a certeza do caminho de volta.
         Quando nossos filhos são pequenos, tememos à uma série infinita de coisas: quedas, engasgos, choques nas tomadas espalhadas pela casa, tombos da bicicleta personalizada; dos patins; enfim, praticamente tornamos uma paranoia os riscos de acidente a cada passo desenvolvido pela criança.
         E o que tememos em nosso país?
         - Nossa!!! Tememos a tanta coisa, acho que o conjunto matemático seria classificado como infinito, pois a relação seria imensurável do ponto de vista material.
         Tememos a tudo neste país rico, lindo, maravilhoso, de povo pacato, ordeiro; assimétrico, aos nossos políticos, que são: inescrupulosos, vadios, irresponsáveis, inconsequentes, promíscuos, egoístas tanto do ponto de análise institucional, como grupal, se constituindo n’ uma verdadeira casta, caixa blindada pela luta de interesses espúrios, voltados para si próprios.
         Falei de forma muito sucinta dos nossos medos, das nossas angústias, dos nossos temeres, das nossas fobias, ao vermos os mais variados e diversos abismos, muitos deles íngremes, de vegetação densa, de terreno desértico, de topografia política terrível e porque não de resultados muito previsíveis para a horda que permeia e orbita o poder podre vigente em nosso país.
         Abismos cotidianos de nossa política, do nosso proceder laboral, dos nossos anseios tolhidos pelo abafo criminoso das torres gêmeas do Planalto Central, hospedeiras de uma corja inescrupulosa de hóspedes, de Poderes Constituídos que se misturam e se lambuzam em manobras benevolentes para a trupe, onde outrora, ainda alimentava exceções, no entanto, as deliberações e decisões são tão indignas para o povo e tão bem arquitetadas para a quadrilha, que transformam a opção de políticos de bem colocada em dúvida.   
         Triste e descrente, lastimável sob qualquer ótica, muito próximo da desesperança e enojado com o cenário político vigente, findo o presente raciocínio, rogando a Deus Todo Poderoso, Único e Capaz de mudar o curso deste rio perverso chamado Brasil, isso, talvez exprima um momento muito consciente do verbo temer, inclusive das quedas nos abismos que cercam todas as possibilidades do “temer”.