Num Futuro não muito distante

Lula vai tentar parar o impeachment no Senado, onde tem melhores relações com o presidente Renan Calheiros. Vai tentar convencer os antigos aliados que a fonte de recursos será novamente aberta contanto que esperem a poeira do petrolão abaixar. Ele sabe que para este aliados não basta dar ministérios e cargos influentes sem poder tirar alguma coisa deles.

Esta foi a principal fonte de discórdia, pois logo no início da Lava-Jato a fonte secou e do nada começou uma série de desavenças e bravatas. Como dizia Roberto Jefferson "em casa onde falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão". Foi um problema destes que levou a público o mensalão.

Renan sabe que os tucanos gostam de privatizar por que podem se financiar junto ao próprio empresariado sem necessidade de se corromper tão fortemente. Eles jogam como lobbystas disfarçados de homens públicos. Renam sabe o que fez Fernando Henrique no seu último ano, quando até o velho ACM virou as costas pra ele e se aproximou de Lula. Era FHC mexendo com as velhas oligarquias que bem antes lhe asseguravam poder.

Sendo um homem estrategista e influente, tendo escapado até mesmo das jornadas de junho, quando pesavam sobre ele acusações graves, ele sabe que o PT já deu o que tinha que dar. Que é mal negócio continuar ao seu lado, já que o partido esta sendo perseguido e odiado por boa parte dos brasileiros.

Sabe que é mal negócio se submeterem aos tucanos. Sabe que a base empresarial paulista dos mesmos é bem diferente na ação e interesses comparados ao agronegócio e os coronéis que fizeram o PMDB ter o tamanho que tem. Claro que PMDB poderia se bancar só com esta força, porem num custo de dependência que os colocariam na mesma posição subalterna do PSDB aos empresários paulistas e interesses internacionais. Estes caras vem de outra tradição, coronéis escravistas e caciques interioranos.

O que vão fazer? Continuar na canoa furada do PT ou baixarem a cabeça para o PSDB? Que já se mostraram traiçoeiros no passado?

Pensaram então na seguinte conjuntura, se a Dilma fica além de afundarem no barco, correm o seguinte risco:

> Os golpistas, após a derrota do impeachment, vão se articular em torno das forças militares. Depois vão conversar com os ministros do Supremo: ou condenam a Dilma ou eles condenarão. Sabendo da articulação destes golpistas e da força que eles tem, os ministros terão duas escolhas: julgar, manter a ordem social e preservar suas cabeças ou bater de frente até que eles mesmos estejam desmoralizados diante da sociedade e sejam depostos junto com a Dilma.

> Caso o Supremo se mantenha firme em não apressar as coisas e não participar do golpe. As forças não pouparão o PMDB, os paulistas terão um governo com oposição fragilizada e sem necessidade de aliados com projetos diferentes dos deles. Então forçarão a saída inclusive de Michel Temer. É possível caso o Supremo seja acuado, que eles condenem tanto a Dilma quanto o Temer. Até que haja novas eleições.

> A Dilma não pode contar com as Forças Armadas, que guarda dela uma série de ressentimentos. Devemos lembrar que ela colocou como ministro da defesa um comunista (Aldo Rebelo).

O senado então dará o impeachment. Temer vai assumir e construir com o PSDB um novo governo acalmando setores mais radicais. E esvaziando maiores problemas decorrentes de uma intervenção militar. Terão a seguinte composição:

a) Aécio Neves ministro da Comunicação

b) Eduardo Cunha Gabinete Civil

c) Renan Calheiros ministro da Justiça

d) Ministro da fazenda Levy

e) Ministério do Planejamento José Serra

Renan Calheiros ficará no ministério da Justiça, pois será ele quem vai articular a transição para o semi-presidencialismo. Será uma boa solução política, pois o povo continuará eleger presidente, mas este será mais um chefe de Estado, enquanto interinamente mandará um primeiro-ministro eleito pelos deputados. Interesses tanto do PSDB quanto do PMDB serão bem conciliados.

Dilma, Lula e outros da cúpula do PT serão condenados e presos. O partido mesmo poderá ser extinto. O que vai contentar mais o empresariado paulista, ansioso por mudanças nas leis trabalhistas. Além de facilitar as reformas na previdência.

A militância do PT e aliados serão acossados por uma lei anti-terrorismo. Qualquer deles que organizarem manifestações, greves e protestos serão presos e condenados.

Petrobrás, Correios e Caixa Econômica serão privatizados. Ficará o Banco do Brasil, que financia o agronegócio e outros capitais. O Banco do Brasil será fundamental para a base econômica do PMDB.

Alguns programas como Bolsa Família, médicos sem Fronteira serão extintos, pois uma dura reforma fiscal será implementada.

A classe média ainda empobrecida e agora com menos direitos irá para as ruas novamente. Mas em menor número já que não terão a mídia para incentivá-los mas a terão para consolá-los.

A Globo vai ter seu apoio comprado com a ruína da Record, que sofrerá processos fiscais, assim como a igreja que dá a ela sustentação. A Globo será peça fundamental na produção da normalidade diante desta fase de transição.

Preocupados com isto, a bancada evangélica e seus eleitores vão receber o MEC e o compromisso com algumas pautas como proibição completa do Aborto, penas maiores para usuários de drogas, fim da união civil de pessoas do mesmo sexo, fim das aulas de sociologia e filosofia nas escolas. Além de mais benefícios fiscais para a igreja.

Setores mais preocupados com a segurança pública terão avaliadas a redução da maioridade penal, fim do Eca, liberação do uso de armas e uma polícia mais truculenta.

A corrupção continuará mas sem ter que a denuncie. O primeiro-ministro eleito por parlamentares não deverá ser por eles investigados. Mesmo que os contrariem, pois ele pode ser derrubado facilmente.

Voltaremos a ter mais empregos, mas com salários baixos e poucos direitos. A política social do novo Estado Brasileiro é polícia e salários flutuantes conforme o mercado.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 17/03/2016
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