Somos todos Cunha do mesmo saco

O que Eduardo Cunha representa como político é na verdade a caricatura grostesca do que muitos de nós somos como políticos e militantes. O comprometimento da recuperação da economia por

conta das chantagens políticas e outras manobras visando fortalecimento de posições partidárias são encontradas em ambos os lados.

A tal política "do se vira pra pagar" se encontra das demandas irreais de servidores por ajustes salariais em plena crise até a choradeira pelos cortes do Ministro Levy. Por que o presidente do PT e uma parte considerável do partido é contra o Ministro? Simples, os cortes afetam

seus currais eleitorais. Programas sociais demandam cargos comissionados, repasses e investimentos e sobretudo distribuem poder político.

Falam que os bancos no Brasil ganham muito, basta diminuir os juros e os lucros dos mesmos que sobraria dinheiro para pagar dívidas. Tudo bem, podemos abrir de capital externo em nossos investimentos?

Podemos formar de uma hora pra outra uma poupança interna que nos deixaria mais independentes destes capitais e seus riscos? Os juros são tão mais caros quanto menor a oferta de dinheiro no mercado e maior

o risco de inadimplência. Na situação atual não temos ambas condições, e ainda com o adicional da desconfiança externa o que diminui os investimentos e nos exigem maiores vantagens para atraí-lo.

O argumento "por que pra banqueiros tem?" é tão cunhista quanto mais pressionamos pela nossa parte no bolo sem interrogar: como se desvencilhar dos interesses do mercado financeiro? Por que os bancos só incomodam quando o governo mexe na parte dos caciques, que querem defender suas categorias como aposentados, militares, servidores do judiciário,enfim são todos Cunha.

Na verdade, as medidas recessivas teriam que ser tomadas mesmo antes de 2014, mas consideramos: quem seria tão honesto de fazer isto num ano de eleição? Nem a oposição faria isto. Quanto mais tarde fossem tomadas as medidas, mas custosas seriam e como estão sendo agora pra nós. Mas pensem, medidas de corte representariam enfraquecer caciques e militantes do PT e aliados em pleno ano de eleição.

As medidas recessivas que a oposição hoje critica, seriam provalvelmente tomadas pelos mesmos, como já fizeram em governos passados.

Outro fato, por que a base aliada, tão mansa e satisfeita o ano passado, neste ano resolveu se rebelar? Simples, a Operação Lava jato detonou o esquemas de abastecimentos dos partidos.

A fonte secou e sem dinheiro não se faz política, se faz discursos. Ninguém se satisfaz sendo ministro de Minas e Energia ou da Saúde só pela beleza e publicidade do cargo, mas pelo acesso a recursos e influências a eles ligados. Mas com a polícia Federal em cima estes cargos são verdadeiros padecimentos no paraíso.

Como militantes somos muito parecidos com crianças que choramos pelo leite da mãe, ao invés de participar e construir um real projeto político. A ideia do "quem não chora não mama" se aplica ao nosso estilo de militância chorosa, mas pouco ativa em termos de projetos. O que significa que nos encontrarão reclamando do sistema financeiro, mas não propostas responsáveis para moderá-lo ou transformá-lo. Pediremos um aumento na aposentadoria, mas sem pensarmos em como lidar com os defictis problemas na previdência. Alegamos as altas aposentadorias de juízes, olha a irracionalidade, queremos também... pois é, eu também, mas de onde vamos tirar estes recursos?

Como crianças chorosas, vamos pras ruas pedir mudanças - tanto a direita quanto a esquerda. Pedimos um rumo, um projeto, mas não sabemos articular e construir um projeto próprio. O PT tinha este projeto no seu início? Sim, e por que se perdeu do próprio projeto? Por que se afastou da construção coletiva de uma militância para se tornar um projeto específico de uma cúpula dirigente do partido.

As pautas-bombas e dificuldades impostas pelo congresso a governabilidade, representam um "dane-se o país". Um "dana-se" que todos nós damos juntos com o Cunha - somos solidários neste dane-se". Um congresso e um país gritando entoando assim não há gigante que não caia e desabe com seu peso sobre nossos empregos e salários e sobre aqueles que com muito custo lutam para manter o mínimo de dignidade.

Analisem bem a origem dos custos destas medidas recessivas, por que agora estão tão altas? Por que somos todos Cunha.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 31/10/2015
Reeditado em 31/10/2015
Código do texto: T5432900
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