A Família R$
Muito revoltante um ministro governista nos dar a entender que a CPMF é a única “medida necessária para recuperar a receita do governo e equilibrar as contas públicas”. E outro áulico nos ameaçar com a extensão dela (CPMF) até 2018 para o restabelecimento da saúde econômica do país. Quando sabemos que essa solução já foi tentada, com ínfimos resultados, na época do ministro Adib Jatene, no Governo FHC. Ou seja, continuamos com a mesma, ou pior, precariedade exatamente na área da saúde.
Enquanto lideranças políticas, à frente das mais importantes casas do legislativo, mantém contas na Suíça e gastam com a família, em despesas particulares, um dinheiro que na verdade não lhes pertence. Ensejando, por exemplo, na mídia – Redes Bandeirantes e Globo à frente – uma campanha que, a despeito de outros interesses, nos mostra a incontestável precariedade da saúde brasileira. Que nos deixa indignados quando comparamos os gastos desses apaniguados com as condições de nossos hospitais.
É muito difícil deixarmos de atrelar a atual situação econômica do país aos rumorosos casos de corrupção de que temos notícias todos os dias. É bem verdade que não são de hoje. Como também não o são as medidas profiláticas adotadas para combatê-los – a CPMF é uma delas – e que incidem no bolso de todos. Que devem ser responsabilizados por prejuízos causados por um grupo de privilegiados. Prejuízos agora não computados em milhões de reais, como na época do Jatene, mas em milhões de dólares!
Pra quê que um sujeito sozinho quer 8 milhões de dólares (ou reais, dá no mesmo)? Será que vai ter tempo de gastar tudo? Ou deseja constituir uma família real, possibilitando a já tradicional briga dos sucessores pela herança?
Felizmente parece haver dentro do próprio PT aqueles que se opõem à CPMF como solução para sairmos desse buraco em que nos meteram. Esperemos que isso se transforme numa indignação popular.
Rio, 20/10/2015