POLÍTICA: UMA MOEDA DE ÚNICA FACE

Espiando os dicionários de Língua Portuguesa e de Política, encontrei basicamente como definição de Política o seguinte: “Ciência do governo dos povos. Direção de um Estado e determinação das formas de sua organização. Conjunto dos negócios de Estado, maneira de os conduzir. (http://www.dicio.com.br/politica/).

Significa também: tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social, o termo Política se expandiu graças à influência da grande obra de Aristóteles, intitulada Política, que deve ser considerada como o primeiro tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado, e sobre as várias formas de Governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do governo, isto é, de reflexão, não importa se com intenções meramente descritivas ou também normativas, dois aspectos dificilmente discrimináveis, sobre as coisas da cidade (Norberto Bobbio – 11ª edição, editora UNB - http://www.capitalsocialsul.com.br).

Sobre Partido Político temos: grupo de pessoas unidas pela mesma opinião, mesmos interesses e mesma ação política. (http://www.dicio.com.br/politica/); também anotamos: é uma associação... que visa a um fim deliberado, seja ele ‘objetivo’ como realização de um plano com intuitos materiais ou ideais, seja ‘pessoal’, isto é, destinado a obter benefícios, poder. (Norberto Bobbio – 11ª edição, editora UNB - http://www.capitalsocialsul.com.br).

Das definições acima, depreendemos inicialmente importantes conclusões, quando nos reportamos aos dois temas em nosso país: os políticos e seus respectivos partidos não sabem o que estão fazendo, e até sabem, quando o assunto é o interesse particular; a política referida na definição não é a praticada efetivamente por nossos políticos, pois palavras como: governo, cidade, grupo de pessoas, interesses, objetivos e poder, se constituem como termos desconhecidos, onde lamentavelmente chegamos a fatos estritamente deprimentes, enojados, amorais, acerca da forma como o assunto política é tratado por políticos e seus partidos.

Atualmente existem 32 (trinta e dois) Partidos Políticos registrados no TSE (fonte: http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registrados-no-tse) dos quais 21 (vinte e um) tem representante na Câmara Federal e 16 (dezesseis) no Senado Federal, portanto nem todos são representados no Congresso Nacional, corroborando com a tese de que temos partidos de mais e resultados satisfatórios de menos.

A dinâmica de atuação dos políticos atualmente é a de sempre: se dar bem, não importando os meios utilizados para a consecução de seus fins, justificados principalmente pela ganância de poder e por uma total inépcia no trato da coisa pública, produzindo prejuízos incalculáveis para o povo e buscando incessantemente a corrupção para lograr seus objetivos.

Independentemente da sigla, da ideologia, se de esquerda, se de direita, se de centro, os escândalos se sucedem numa velocidade meteórica, num aprimoramento de técnicas e métodos perniciosos e nocivos ao meio ético e moral de fazer inveja, vejamos alguns exemplos:

1 – GOVERNO SARNEY (PMDB) - 1985 a 1990

>> CASO BANESPA;

>> FERROVIA NORTE SUL;

>> CPI DA CORRUPÇÃO.

2 – GOVERNO COLLOR (PRN) 1991 a 1992

>> MÁFIA DA PREVIDÊNCIA;

>> CASO COLLOR.

3 – GOVERNO ITAMAR FRANCO (PMDB) 1992 a 1994

>> PAUBRASIL;

>> ANÕES DO ORÇAMENTO;

>> ESCÂNDALO DA PARABÓLICA

4 – GOVERNO FHC (PSDB) 1995 A 2002

>> COMPRA DE VOTOS PARA A REELEIÇÃO;

>> BANCO MARKA/FONTE CINDAM;

>> MÁFIA DOS FISCAIS

5 – GOVERNO LULA (PT) 2003 A 2010

>> CORRUPÇÃO NOS CORREIOS;

>> ESCÂNDALO DO MENSALÃO;

>> RENANGATE.

6 – GOVERNO DILMA (PT) 2011 a 2104

>> CASO CACHOEIRA;

>> ESCÂNDALO NOS TRANSPORTES;

>> OPERAÇÃO LAVAJATO.

O repertório acima listado, certamente é uma pequena mostra de tantos outros casos, que fiz questão de citá-los tão somente para provar que independe de partido, do político eleito e da gestão governamental, o câncer da corrupção de há muito se tornou uma metástase na política brasileira, tudo isso, certamente acontece, alimentado pela certeza da impunidade, que com o caso da PETROBRAS, torçamos para que mude essa triste realidade.

Com a dita redemocratização e o consequente fim do bipartidarismo, alimentou-se no seio político que a variedade de partidos políticos traria um efeito alinhado com a democracia, pois se teria mais candidatos, mais opções em quem votar nas eleições, no entanto, o que vemos já de algum tempo é uma polarização entre PT e PSDB, que por meio de coligações e coalizões camuflam e sufocam vários partidos de menor projeção e importância para o cenário eleitoral, praticamente voltando para a dualidade MDB e ARENA outrora vigente, além de termos um partido político que sempre fez parte do governo (situação) sem, contudo nunca ter ganho uma eleição para presidente da república.

Concluindo, cito Platão: “A democracia... é uma constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a desiguais”, infelizmente essa democracia imaginada pelo Grande Pensador citado, está muito longe de ser alcançada em nosso país, afinal, no Congresso Nacional existem bancadas pra tudo: Ruralista; Evangélica; Da bola; Dos Partidos Nanicos e outras mais, no entanto, a mais significativa e importante, que via de regra justifica a existência do parlamento, essa não existe, que é a “Bancada do Povo”, que: sofrido, ludibriado, enganado pelos políticos, sofre, subexiste à miséria, a fome, ao descaso governamental, caracterizando-se assim numa eterna situação de abandono político.

Por fim, a “moeda” da política no Brasil ao ser arremessada para o alto, independente da face, sempre cairá com a gravura da corrupção, da enganação, dos conchavos, das parcerias espúrias, do sombrio, da falta de vergonha na cara, voltada para cima, pois com raras exceções, esse é o perfil do político e dos partidos políticos em nosso país, sobretudo quando o entendimento de que: “os políticos são eleitos para servirem ao povo”, é deturpado e alterado para: “os políticos são eleitos para se servirem do povo”.