O CHORO DE ESTELA

O Brasil vivenciou nesta semana, mais precisamente no dia 10 Dez 2104 (quarta-feira), um capítulo precioso e inédito de sua história recente, a divulgação do Relatório final dos trabalhos realizados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), instituída pelo Governo Federal com o intuito de apurar e apontar os graves crimes praticados por Agentes do Estado durante o período do Regime Militar.

Com toda a pompa e cerimonial rebuscado, o evento foi fartamente coberto e divulgado pela imprensa coesa com a Presidenta, até mesmo um programa jornalístico televisivo de reconhecida linha editorial, por apresentar reportagens curtas, enxutas e objetivas, quebrou o modelo e editou matéria longa e divisionista, acerca do fato pretensamente imprescindível e importantíssimo para o povo.

Holofotes, flashes e palmas religiosamente regidas, ao tempo e de pé, como se uma batuta impecável estivesse comandando, numa verdadeira aula de como se comportar em uma plateia, digna de uma partida recatada de tênis, tudo valeu, para divulgar um verdadeiro massacre, um verdadeiro ultraje à dignidade do brasileiro, onde a história foi escrita e reescrita de forma irresponsável, vicejante, unilateral e, principalmente laureando a farsa, a mentira, o impropério.

Oportunamente e constantemente, na condição de pai, de cidadão e de Militar da Reserva Remunerada do Exército, tento explicar de forma didática e objetiva, com respaldo em fatos e acontecimentos da época, o que de verdadeiro aconteceu, procurando dessa forma mostrar às minhas filhas que por meio de seu livre arbítrio, reúna subsídios para elaborarem seu juízo de valor, além de buscar uma imagem diferente da pregada e disseminada por essa CNV dos militares integrantes das FFAA brasileiras.

Revolução, contra-revolução, golpe, enfim qual seja o batismo dado ao 31 de março de 1964, o fato é que vivia-se um ambiente de caos, de insegurança política, de baderna generalizada, talvez não muito distante dos dias de hoje, onde a pronta intervenção das Forças Armadas colocou em ordem e harmonia o país, tudo sob o clamor da população, da imprensa e do meio político, acontecimentos fartamente documentados nos arquivos e jornais de grande circulação da época, facilmente consultados nos dias de hoje.

O tempo passou, o país foi ganhando confiança, progresso, ordem institucional, até que a insatisfação de alguns grupos políticos liderados por governantes da época começaram a insuflar a população contra o regime vigente, procurando criar um ambiente de revolta patrocinado por elementos comunistas, que de forma truculenta e arbitrária tentavam a todo custo impor suas ideologias e pensamentos alinhados com Cuba, Pequim e Moscou.

Deteriorava-se rapidamente o ambiente e modelo de gestão ora pensados pelos militares governantes, passou-se a viver as primeiras ações efetivamente de sabotagem e de terrorismo acontecidas em Recife-PE, com explosões de bombas e com o atentado em 25 Jul 1966 no Aeroporto Internacional dos Guararapes onde se esperava o então candidato a Presidente da República Costa e Silva que estava em campanha (ditador fazendo campanha, devia ser engraçado), quando uma bomba explodiu matando duas pessoas, um jornalista e um Almirante Reformado e, ferindo outras 15 pessoas.

Estabelecia-se assim uma declaração de ações repressivas a esses grupos armados que lutavam para implementar a sua ideologia política na base de armas na mão, optando por uma escolha que não se mostrava como a melhor à época, prova esta que era uma minoria da população praticante dessa opção, tendo o Estado criado seu aparelho repressor a essa turba.

Estudantes e operários foram as camadas da sociedade escolhidas pelos comunistas como massa de manobra, alguns segmentos das FFAA também foram cooptados e recrutados para a luta armada, que por meio de ações violentas de sabotagem, inquietação, atentados a bomba, assaltos a bancos e trens pagadores, assassinatos de autoridades estrangeiras, invasões a quartéis e bases aéreas para roubarem armas e muita propaganda psicológica, passou a ser a atividade preferida de mais de 40 (quarenta) grupos armados, dentre os quais o COLINA, POLOP e VAR-PALMARES, que teve em seus quadros uma guerrilheira brilhante chamada DILMA VANA ROUSSEF LINHARES.

Selou-se assim a declaração de uma guerra, no caso, tecnicamente falando uma Guerra de Guerrilha (urbana e rural) e para aqueles menos desavisados, num conflito armado a primeira coisa que se perde são os escrúpulos, numa guerra: você mata ou morre; você domina ou é dominado, não precisa ser mocinho ou bandido para assimilar esse triste e horrendo conceito, materializando-se dessa forma um evento de exceção, onde os dois lados cometeram seus desvios de conduta moral e de respeito à dignidade humana, no entanto, 50 (cinquenta) anos depois num ambiente de disseminada democracia, o Governante Maior da Nação, que coincidentemente é a brilhante guerrilheira citada no parágrafo anterior, cria uma CNV estritamente para apurar fatos ocorridos e praticados somente pelos Agentes do Estado, numa verdade de DVD, ou seja, só de um lado.

Trezentos e setenta e sete, esse é o número exato de militares e civis citados e responsabilizados pelos crimes de graves violações aos direitos humanos, inclusive os 5 (cinco) Presidentes da República do período militar; foram execrados, condenados, sem se quer dizer-lhes qual ou quais crimes cometeram e especificamente contra quem, alguns já falecidos, impedidos de ao menos defenderem-se das acusações a eles atribuídas. Um relatório que em nenhum momento cita as ações criminosas do outro lado, ora, se não tem ação inicial como que vai ter a reação? A fala de um dos integrantes da CNV é tão ridícula que diz: “... não se trata de rever a Lei de Anistia, mas de aplicar uma punição aos agentes do estado que praticou crimes...”, mais uma vez evidencia-se o nível de revanchismo da Comissão, como que se faz a omelete sem quebrar os ovos?

Excluiu-se do relatório da CNV os 126 (conforme levantamento do Clube Militar, publicado no Jornal o Globo, edição de 11 Dez 14) militares e civis que foram mortos pelos “revolucionários”, como num estalar de dedos o Estado de forma indiscriminada passou a perseguir e matar cidadãos comuns, do povo, trabalhadores e trabalhadoras, simples assim, mas para a aludida Comissão 126 vidas não tem nenhuma importância.

Lamentavelmente a conclusão dos trabalhos dessa CNV não trouxe significado algum, contribuição nenhuma para a sociedade esclarecida, talvez para as gerações que não viveram o período, pois mais uma vez se aplica a doutrina de Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler que afirmara: ”uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”, da forma como os fatos foram contados pela CNV, certamente para as gerações futuras se tornarão verdades.

Assim sendo, talvez o que de mais importante aconteceu na dramaturgia de 5ª categoria protagonizada, talvez por Stela ou Estela, Wanda, Luiza ou Patrícia, codinomes incorporados pela Presidenta, foi um choro de lágrimas calculadas por seu “marqueteiro” em mililitros, digamos cirúrgico, no entanto, que tal pensarmos no choro da família do Soldado Mário Kozel filho, da família do Ten da Polícia Militar de SP Mendes, da família do Lavrador João Pereira, morto exemplarmente, com pedaços de seu corpo picotados, todos esses exemplos de choros foram de responsabilidade de grupos armados que a Presidenta Guerrilheira integrou. Por fim, seria de fundamental importância para o momento atual olharmos atentamente para o choro de brasileiros e de brasileiras que choram “lágrimas de sangue”, pelos sofrimentos causados pela gestão governamental vigente. Choros: de violência, de miséria, de pobreza, de desrespeito à dignidade da pessoa humana; choro de brasileiros e de brasileiras que pagam impostos escorchantes, verdadeiros confiscos; choro de brasileiros e de brasileiras que vivem envergonhados perante o mundo representado por troféus e títulos de campeão: de ultrajes, de corrupção, de permissividade, de estupros da moral e da ética; enfim, Presidenta, nós brasileiros choramos muito, todos os dias, a todo o momento, afinal um governo que tem como slogan “PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA”, não poderia dar aos seus habitantes um choro melhor que o que a Senhora Presidenta nos proporciona.

PS: OS FATOS HISTÓRICOS NARRADOS NO PRESENTE ARTIGO FORAM EXTRAÍDOS DO PROJETO “ORVIL”, DISPONÍVEL PARA CONSULTA NO SÍTIO http://www.averdadesufocada.com, ALÉM DA LEITURA DE ARTIGOS DO PRÓPRIO SÍTIO.