Comissão Nacional do Revanchismo

O Ministério Público Federal, através da Procuradoria da República no do Rio de Janeiro, denunciou, nesta segunda-feira (19 de setembro de 2014), cinco militares reformados das Forças Armadas pela prática de homicídio e ocultação de cadáver do ex-deputado Rubens Paiva, ocorridos durante a ditadura militar. Os militares também são acusados de associação criminosa e três deles ainda responderão por fraude processual.

Não pretendemos argumentar os aspectos jurídicos desses fatos porque são tão absurdos quanto chatos.

Entretanto, cabe ressaltar que a Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei nº. 12.528/2011 e instituída em maio de 2012. Tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos, ocorridas entre setembro de 1946 e outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. A CNV é composta por sete membros, responsáveis pelas investigações e elaboração do relatório final. Coincidentemente ou não, todos os membros são ligados ao esquerdismo brasileiro.

Seria como se fosse montado uma comissão para apurar e escrever a história dos Fla x Flu’s composta por Mário Filho, Ari Barroso, Zico, Júnior, Jorge Ben Jor, Galvão Bueno e Renato Maurício Prado. Podemos até estar enganados, mas provavelmente essa comissão seria um pouco parcial.

É claro que remontar e desembaraçar a história da época ditatorial militar brasileira é importante, entretanto, para melhor averiguação, necessário seria, até para se respeitar o contraditório e a ampla defesa, representantes ligados aos militares integrando a comissão.

Apesar de que o esquerdismo não é muito chegado ao contraditório, tendo em vista o lobby destes para retirar o poder de investigação do Ministério Público e de outras instituições com a PEC-37, derrubada pela forte pressão das ruas, bem como a recente declaração da Presidente da República afirmando que jornalistas não devem investigar. Aliás, para Sua Excelência o poder de investigação deveria ser exclusividade da Polícia Federal, instituição que, novamente, coincidentemente ela é a chefe.

É salutar que sejam revisitados e publicados as histórias escondidas nos porões dos quartéis, nas delegacias, nos gabinetes, nas redações governista, na CBF, da ARENA, dos generais, das praças e de figuras ilustres, como Roberto Marinho, Carlos Lacerda, Pelé, José Maria Marín, Sérgio Fleury, Romeu Tuma, Wilson Simonal, Roberto Carlos e etc.

Todavia, a comissão, por amor à justiça e em busca da verdade, deveria revisitar os porões do MR-8, da VAR-Palmares, do Partido Comunista, nas universidades públicas, da UNE, no Pasquim, e de figuras ilustres, como Dilma Rousseff e seu ex-marido, Carlos Franklin Paixão de Araújo, Alfredo Sirkis, José Dirceu, Fernando Gabeira, Franklin Martins, Stuart Angel, Carlos Minc, Luís Carlos Prestes, João Goulart, Leonel Brizola, Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Rubens Paiva, Chico Buarque, João Saldanha, dentre outros.

Mas para estes a anistia geral é invocada e respeitada de forma sagrada.

O certo é que crimes foram cometidos, instituições foram assaltadas, pessoas foram sequestradas, torturadas e assassinadas, com ou sem julgamento. Por ambos os lados. O Brasil vivia uma época de guerra civil e sabemos que ética e guerra são palavras que não se harmonizam.

Enquanto tratarmos um disparo de arma de fogo efetuado por um militar na cabeça de um “subversivo” ser classificado como um assassinato político bárbaro e cruel e um disparo efetuado por um camarada na cabeça de um “milico” ser classificado como uma infeliz interrupção de vida reacionária em prol do bem comum, não haverá verdade, nem história. Somente estória.