50 Anos do Golpe de 64
Em razão dos 50 anos do golpe militar, ultimamente inúmeras reportagens têm sido veiculadas por todos os meios de mídia. Infelizmente, como a parcialidade é característica indissociável do jornalismo, raramente encontramos textos e reportagens que mostram os dois lados da moeda.
Apesar de particularmente repudiar com veemência a ditadura militar, acho uma desonestidade intelectual romantizar o comunismo ou os comunistas.
Acredito que se o golpe de 1964 tivesse ocorrido de forma semelhante ao de 1889, em que cessando o antigo regime (monárquico), instaurando um governo provisório (de curto prazo) e organizando eleições (ainda que o Brasil daquela época não tivesse eleições diretas e universais), talvez os responsáveis pela revolução de 64 seriam considerados “heróis nacionais” , como hoje exaltamos as figuras do Marechal Deodoro da Fonseca, Marechal Floriano Peixoto, Benjamim Constant e Rui Barbosa.
A grande perversidade do golpe de 64, não foi o golpe em si, mas a sua continuidade nas décadas seguintes e os resultados das ações do Estado para perpetuar o sistema político. Já dizia o velho ditado, quem come o filé mignon não quer voltar a roer osso, amigo.
Mas essa perversidade (que repudiamos atualmente) não é um fato inerente ao militarismo e sim a qualquer um que esteja em posição ditatorial, seja a militar, comunista, republicana ou monárquica.
Conforme dito, e ressalto neste momento, a proposta aqui apresentada é demonstrar minha insatisfação à desonestidade intelectual ao romantizar o comunismo e os comunistas, tratando o nosso recente passado ditatorial e os conflitos entre militares e “subversivos” como se fossem cruéis nazistas matando crianças judias em horríveis câmaras de gás.
Afirmo isso, porque tenho consciência que, se em 31 de março de 1964, tivesse ocorrido no Brasil um golpe de estado, não implementado por militares e parte da sociedade civil conservadora, mas sim por comunistas, instaurando o Partido Comunista Brasileiro (PCB) como partido único e oficial do governo, os eventuais vinte anos subsequentes deste golpe comunista não seriam muito diferentes as duas décadas que se passaram durante o regime ditatorial militar.
Analisemos os países que foram ou estão sob o regime comunista / socialista, tais como os países da Aliança Bolivariana (Venezuela, Bolívia, Equador entre outros), a própria Cuba, a antiga União das Republicas Socialistas Soviéticas, Coréia do Norte e China. São internacionalmente notórios em tais países os casos de desrespeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos, cerceamentos dos direitos e garantias fundamentais, entre elas as liberdades de expressão, locomoção e de imprensa, práticas estatais de torturas e assassinatos decorrentes de idealismos políticos, serviços de espionagem e tribunais de exceção.
Achar que em um eventual Brasil, implementado sob um regime comunista de direito, tais casos não ocorreriam em nosso cotidiano seria leviandade ou você não sabe de nada, inocente.
Repudiamos sim, e com veemência, a prática estatal da perseguição, fichamento, tortura e assassinato de um ser humano em razão de suas preferências ideológicas, ponto. Não falo de comunistas, capitalistas, anarquistas, republicanos ou monárquicos. Falo de cidadãos, sejam lá quais forem as suas preferências políticas, econômicas ou sociais.
Uma última observação, que além de ser notório, vale a pena destacar, é que muitos dos jovens de classe média que eram e são considerados e tratados como presos políticos (e que foram brutalmente torturados e assassinados) eram de fato responsáveis pela elaboração ou execução de sequestros, roubos, torturas e assassinatos de civis e militares.
O que eu acho estranho é o fato de nossa sociedade condenar com pulso forte os atos praticados pelo Estado contras os “comunas”, ser a mesma sociedade que aplaude hoje quando o Estado autoriza a Polícia Militar (seu braço armado) a praticar as mesmas ações dentro da favela.
Talvez, para essa parcela da sociedade o desrespeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos, cerceamentos dos direitos e garantias fundamentais, torturas, assassinatos, espionagem e tribunais de exceção não sejam tão repugnantes assim.
Para eles, a barbárie é inadmissível dependendo de QUEM está apanhando. Talvez, eles não julguem os meios, julguem os fins.
Chegando ao final do texto e antes de você começar a se comportar como o “reaça” de direita, querendo vorazmente que eu seja processado e arrancado todo o meu dinheiro, saiba que além de ser pobre, esse texto é a beleza da democracia. Tenho o direito constitucional de dizer as maiores besteiras (desde que não venha a ofender a honra e a imagem de ninguém), e não posso ser punido por isso.
Agora, você, esquerdista de plantão, louco para proferir palavras de baixo calão direcionadas a mim, porque você não está acostumado a diálogos (caso seja da base da pirâmide) ou se, elegantemente, apenas achar que sou um reacionário, conservador, financiado pelos tucanos (caso esteja situado na camada intelectual do grupo), eu te peço: E tu, “camarada”, fala-me mais sobre Celso Daniel.