COPA OU ELEIÇÃO: QUAL A MAIOR DESILUSÃO DO BRASILEIRO?

A derrota catastrófica do Brasil numa semifinal de copa do mundo, em pleno território brasileiro, causou decepção generalizada a todos nós brasileiros. Jamais esperávamos um desfecho como esse. Se o objetivo de nossa seleção era entrar para a história, pode-se dizer que conseguiu. Sofreu um vexame histórico. A maior goleada até então aplicada à seleção brasileira em seus cem anos de existência. Contudo, minha esperança é a de que a desilusão de nosso povo resuma-se ao universo futebolístico.

A mídia, no último mês, apostou suas fichas na copa do mundo. Os demais acontecimentos foram relegados ao olvido. Todavia, nem só de futebol viverá o homem, mas prioritariamente de política, a qual influencia diretamente a vivência de cada um de nós. As vésperas das eleições um desapontamento muito maior do que aquele percebido na copa pode advir das urnas.

Não podemos mais ser derrotados por candidatos que nos vendam ilusões, que nos prometam mundos e fundos e que afirme em alto e bom tom ter a solução para todos os problemas da nação. A impressão que tenho, a mesma partilhada pelo teólogo Jacques Ellul em seu livro “Anarquia e Cristianismo”, é a de que a política não tem conseguido mudar nada de substancial em nossa sociedade e que o sistema de governo funciona exclusivamente em benefício da classe política. As melhorias, se é que elas existem, têm caminhado a passos de tartaruga.

Se nos debruçarmos sobre as origens da palavra “candidato” é bem possível que encontremos luz no fim do túnel. Do latim candidus refere-se a alguém sincero e puro. Todo candidato, a meu ver, necessita ter um comportamento absolutamente cândido. O que me faz pensar que eles deveriam ser suficientemente sinceros a ponto de não prometerem em campanha aquilo que de antemão, caso eleitos, não serão capazes de cumprir.

Destarte, escrevo a fim de sugerir que votemos em candidatos ética e ideologicamente preparados; não obstante, que nada prometam, pois quem assim age demonstra boa fé e sinceridade diante da complexidade do sistema e das dificuldades impostas pela triste realidade. O candidato ideal não é aquele que apresenta carisma e boa lábia, mas o sujeito que em sua humildade mostra-se comprometido com o bem-estar social.

Não suportaremos mais uma desilusão. Desta feita, quem necessita sagrar-se vitorioso não é o candidato “a”, “b” ou “c”, e, sim, o povo, a democracia, a saúde e a educação.

Nosso povo tão sofrido merece alegria maior do que a de ser campeão mundial de futebol.

André Jorge Catalan Casagrande é pastor presbiteriano, mestre em Ciências da Religião e autor do livro “Jesus na ótica da literatura”. - jorgecatalan@bol.com.br