Entre Imelda Marcos e Joseph Stalin - Dano e Reparação
Um dos meus passatempos prediletos, para espanto da minha família, é ler sobre a vida dos grandes tiranos. Aprendi muito sobre história, filosofia, e religião – isto para não falar em política – lendo sobre as crueldades, delírios e obsessões de gente como Mao Tse Tung, Lenin, Fidel Castro, Hitler e por aí vai..... Mesmo atuando numa especialidade médica muito distante da psiquiatria, eu sempre achei fantástico ter acesso aos hábitos, paixões e gostos desse tipo de gente. Acredito na máxima de “conhecer um homem através do seus detalhes” e, mais do que isso, encontrei nestes relatos uma alternativa à hipótese (ela em si mesma fruto de um delírio) de que a história é sempre uma luta de classes movida por interesses materiais. Faço aqui uma pausa: Longe de mim ter a audácia de definir o que é a verdadeira História. Há aqueles que,inclusive do ponto de vista acadêmico, defendem que não deveríamos sequer falar na existência de uma “coisa com esse nome” - a História. Mas, deixemos as divagações de lado....Meu objetivo nestas linhas é apresentar alguns detalhes que consegui colher da vida destes chamados “monstros” e tentar, através deles, fazer um paralelo e também alguns juízos de valor com relação ao senhor Luis Inácio Lula da Silva. Faço minha autocensura desde o início: sou médico e não historiador, estou com 42 anos de idade, jamais estive na China ou na antiga URSS, e meu único e rápido contato pessoal com Lula ocorreu (graças a Deus) somente em 1989! Acho que é pela data que eu devo começar. Ao contrário da literatura sobre a geração de 68, pouco podemos encontrar escrito sobre este ano tão singular na história política do mundo. Imaginem como eu, então um marxista tupiniquim fanático, devia me sentir quando assitia pela televisão a derrubada do muro de Berlim e a construção de outro aqui em Porto Alegre. Hoje não tenho outra alternativa a não ser recordar Millor Fernandes quando este dizia que uma ideologia, quando está bem velinha e quer se aposentar, vem morar no Brasil. Mas, voltemos ao tema: foi nesse “ambiente psicológico” que conheci o “salvador da pátria”. Lula representava o “novo”, o “puro”, o “não corrompido” pelos interesses de “empresários e banqueiros” que com ajuda dos malvados militares tinha “entregado o Brasil para os americanos”. Jamais alguém pensaria, mesmo na oposição ao PT, que estávamos votando naquele que mais tarde seria o chefe da maior organização criminosa que havia assaltado o país até então. Muito pouco se falava sobre a vida pregressa de Lula. As pessoas sabiam de seu passado como sindicalista, mas sua formação cultural, vida familiar e valores pareciam mais distantes do que nunca num país onde ninguém se interessa por estas coisas na hora de votar. Lula era uma incógnita.
Hoje em dia parece muito fácil fazer a devida crítica ao ex-presidente, mas há cerca de 25 anos atrás as coisas eram muito diferentes. Não deixa de ser cômico escutar algumas “viúvas do PT” afirmarem que o partido “mudou” e Lula “se vendeu”. Afinal de contas, para se fazer uma afirmação deste tipo, teríamos que partir da hipótese de que conhecíamos muito bem o homem em quem estávamos votando e isso eu me nego a aceitar.
Não é fácil fazer aquilo que os historiadores chamam de “história do tempo presente”. Às vezes, escrever sobre o que ainda está acontecendo, parece uma tentativa de trocar o pneu com o carro em movimento. Esperar o tempo passar pode, de fato, colocar tudo sobre uma perspectiva mais clara e é com estas ressalvas que deixo aqui minha opinião sobre Lula e seu partido. A chegada de Lula e do Partido dos Trabalhadores ao poder representa, ao meu ver, um ponto de inflexão na história da cultura brasileira. Descemos ao que existe de mais baixo em todas as sociedades e que fica como que aprisionado no chamado “inconsciente coletivo” como diria Jung. Misturar marxismo com religião foi a receita perfeita para que o maior país católico do mundo permitisse a chegada de uma verdadeira legião de recalcados, semianalfabetos e intelectuais de quinta categoria ao poder. Hoje em dia os adversários de Lula com muita frequência o chamam de ditador. São feitas comparações com os tiranos que citei acima e que não deixam de constituir, sob certo aspecto, uma “ofensa” a estes senhores. Se não é assim; então vejamos: Mao Tse Tung, o líder da Revolução Chinesa, tinha grande prazer em se misturar aos camponeses falando errado e comendo com as mãos. Seus hábitos de higiene eram repugnantes e sua sexualidade perversa. Mesmo assim ao entrar em seu quarto era possível, segundo os biógrafos, deparar-se com uma cama repleta de livros. Adolph Hitler era obcecado pela música de Wagner, leu a vida inteira e foi inclusive capaz de colocar seus delírios a respeito de uma raça superior no papel. Lenin estudou alemão sozinho, gostava de ler Tchekov e Dostoiévski e jamais subestimou o estudo e a formação acadêmica profissionais. Não meus amigos, do ponto de vista psicológico nenhum deles pode ser rebaixado ao nível de Lula..O nosso ex-presidente tem pelo trabalho e pelo esforço individuais uma concepção mais próxima daquela de Joseph Stalin. Este sim, foi alguém que fez do deboche e do menosprezo pela educação superior o objetivo de uma vida. Stálin era um assaltante de bancos. Sua natureza, de uma grosseria toda particular, foi moldada pelas frequentes surras de um pai cuja ausência e maldade Lula conhece muito bem...Stalin desprezava toda cultura da Rússia e, muito antes de Hitler, tornou-se um antissemita convicto. No que se refere à viúva do ex-presidente das Filipinas, a Wikipédia (para citar só essa fonte) apresenta o seguinte “Imelda Marcos passava o tempo comprando e gastando fortunas em pares de sapatos que nunca viria a usar, e enquanto isto os filipinos morriam de fome na miséria total. Além de sapatos, foram achados joias, vestidos, perfumes caros e outras futilidades na casa de Imelda, tudo comprado supostamente com dinheiro público desviado, segundo algumas fontes” que não dizem se ela tinha cartão corporativo ou não. Católica como o nosso presidente, ela conheceu vários papas, visitou o Vaticano várias vezes fazendo promessas e, impressionando o mundo com sua mistura de luxo e mau-gosto capaz de causar inveja em Dona Marisa Letícia. Imagino que a Igreja Católica nas Filipinas tenha por ela o mesmo sentimento que os nossos verdadeiros fiéis nutrem por criaturas como Frei Beto e Leonardo Boff.
Meus amigos, termino por aqui..Usando de um português mais baixo, de um português chulo e digno de um Brasil petista, afirmo que o nosso grande presidente não passa de um “chinelão”.Antes porém do ponto final, uma confissão, um mea culpa, e um aviso: Eu votei em Lula mais de uma vez! Sou responsável por ter chocado o “ovo da serpente”. Ajudei a rebaixar o nível da cultura, da educação, da segurança e da saúde do país. Eu me enganei, quando jovem, sobre o papel do Exército e da verdadeira Igreja e jamais escreveria tudo isso sem assumir a minha responsabilidade. Sem nenhuma falsa modéstia é com essa coragem – a coragem de quem assumiu que errou – que podemos mudar o país. Que cada um faça seu exame de consciência nesse caminho de dano e, algum dia, de reparação.
Porto Alegre, 20 de dezembro de 2012.
Dr.Milton Simon Pires
CREMERS 20958
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