O reerguimento da estrela
O REERGUIMENTO DA ESTRELA
A despeito de tanta celeuma criada pelas oposições, a quem eu chamo de “direita raivosa” contra o Partido dos Trabalhadores e demais intenções de organização política das esquerdas, o recente pleito, especialmente o segundo turno em São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil, trouxe algumas surpresas e várias constatações.
Quando todos afirmavam que o “efeito mensalão” seria devastador para o PT o re-sultado de São Paulo mostrou o contrário, onde o perdedor contumaz José Serra foi derrotado por Fernando Haddad, depois de sair na frente nas pesquisas do primeiro turno. Esse resultado, especialmente na Paulicéia, traz consigo vários indicadores que não podem ser desprezados.
Primeiro a capacidade de mobilização da militância petista, que fez seu candidato sair de uma colocação inferior nas primeiras pesquisas, para fechar o primeiro turno na frente e aumentar a vantagem na vitória final. A presença do ex-casal Suplicy (Marta e Eduardo) no palanque ajudou a agrupar os indecisos e retraídos. Mas o que foi decisivo no confronto foi a participação de Lula na campanha. A presidenta Dilma atuou de forma parcimoniosa, como lhe cabia, mas a atuação de Lula foi decisiva.
Isto mostrou que o partido dos trabalhadores não afundou como queriam seus inimigos, embora o sério revés sofrido pela defenestração de alguns líderes potenciais, como Zé Dirceu, Genoíno e João Paulo Cunha. Acredita-se que, se Dirceu não houvesse naufragado, seria ele o sucessor de Lula. Mas isto agora é passado, os que erraram estão sendo punidos e novas lideranças começaram a aparecer, como Haddad.
As votações maciças que Lula recebeu (em duas eleições) e Dilma na última, revelam, sem chances de contestação, o quanto o povo acredita e tem esperança no ideário petista. Com a eclosão do escândalo do mensalão, acreditaramm muitos na derrocada do único partido classista surgido no Brasil. No entanto, a eleição de Haddad em Sampa mostra uma reversão nessa tendência.
A espetacularização do julgamento do STF criou alguns mártires, e levou o eleitorado a desvincular as faltas dos indiciados – que passaram a figurar como eventuais vítimas – com o contexto do partido. O brasileiro, com a mesma veemência que condena os corruptos, se compadece de sua desdita.
A eleição em São Paulo atesta isso. A rejeição a José Serra foi maior do que a condenação social aos envolvidos no “mensalão”. A fidelidade ao partido superou a aprovação às sentenças do STF. O desa-fio de fatos aziagos, e a volta PT e do PSB à cena política propõe um novo tempo na política e na democracia.