Corrupção e Estupidez, doenças endêmicas no Brasil.
Não há como lutar contra a corrupção se a sociedade insiste em negar que ela exista e num esforço “Neandertal”, nega até mesmo evidências concretas. A corrupção passou a ser uma doença endêmica que se propaga silenciosamente pela necessidade de se negá-la veementemente. Tal qual os pais que negam que o filho se viciou em entorpecentes, são despertados em tragédias familiares, descobrindo tarde demais que várias vezes negaram um pedido desesperado de socorro.
Aprendi que nossa cultura do jeitinho tem uma maneira cruel de admitir que errou. Ao fazê-lo descobrem que muitos pagaram o preço da ignorância e da falta de boa vontade para com seus semelhantes. O brasileiro tem uma grande tendência a se convencer que coisas preocupantes nada mais são do que simples acontecimentos ou eventualidades, para não se comprometerem com a realidade dos fatos e com a solução dos problemas.
De forma impressionante venho assistindo um grande número de pessoas se conformarem com políticos que “ Roubam mas fazem” , como se fazer alguma coisa fosse uma prerrogativa para isentar tais políticos da pena de roubar. Assisti dentro desta mesma premissa uma série de acontecimentos que simplesmente deixam o Brasil como um país de ilustres “retardados”.
Em certa ocasião me deparei com um discussão em que várias pessoas haviam ouvido falar que o governador “ Fulano” fora internado secretamente, por overdose de consumo de cocaína no Hospital "M-D" em “Belo Horonte”.
— Ele é viciado e passa dias usando o pó! — Disse um deles. Imaginei que aquilo fosse apenas “intriga da oposição”, pois eu havia votado neste homem para senador. Senti um frio no estômago, o futuro de meu filho poderia ser definido de forma negativa pelo meu ato impensado e apolítico, tal qual uma “borboleta que bate asas em Pequim causando uma tempestade em Nova York”.
Ora bolas! —Vindo de um usuário comum, isto seria de dar dó. Mas vindo de um governador isto seria de grande preocupação. Intervi no assunto e perguntei como souberam de tal fato e a resposta fora unânime:
— Você não sabia? — Disseram todos.
—Não! — Respondi.
— Pois todo mundo sabe disso! — Completaram.
—Mas pelo menos ele fez a linha “azul”, que liga o centro da cidade ao aeroporto de “Serafins” e construiu a "Cidade Administrativa de Belo Horonte"! — Respondeu um deles. Pensei um pouco e indaguei.
— Construir obras públicas, renovar rodovias e cuidar do estado não é função do governador?
— Claro! — Responderam todos. A resposta foi de certa forma confusa e vazia, senti no ar que pareciam não saber a relevância da pergunta, pois não conseguiam separar os deveres dos princípios.
— Pois então! — Vocês não se preocupam com a conduta deste senhor a quem vocês entregam o futuro de seus semelhantes e descendentes?
— Claro! —Responderam novamente.
— Então todos vocês acham que desde que alguns dos deveres sejam feitos de forma aceitável, devemos aceitar qualquer tipo de conduta, seja ela depreciativa ou criminosa? —Imagino então que desde que seus filhos estudem e trabalhem eles possam então cometer ilícitos e contravenções penais!
—Mas ele não está prejudicando ninguém!—Exclamou um dos integrantes da discussão.
—Claro! — Imagino que alimentar o tráfico de entorpecentes e definir isto como uma prática não condenável pela nossa sociedade vai ajudar o país a se livras das drogas! — Senti naquele momento que não tinham noção da relevância da representação de um líder como responsável pela construção das diretrizes comportamentais de uma sociedade segura.
— Como souberam de tal fato? — perguntei novamente.
— Ora! — você estava fora do Brasil todo este tempo?
— Não! —Respondi espantado.
— Todo mundo sabe disso! —Fiquei por um instante perplexo. Não sabia quem estava mais errado: — Eu, por ter votado sem saber ou se eles por não terem a noção da gravidade do fato ou ignorá-lo por completo.
Posteriormente ouvi dezenas de outras pessoas que falaram sobre o mesmo assunto e algumas até com riqueza de detalhes. Senti na pele que alguma coisa estava errada com meu país. Ou era excesso de otimismo ou absoluta estupidez. Imagino que alguns possam achar isto irrelevante, outros acharem pouco importante, mas lembro-me que pelo fato de Lula gostar de tomar cachaça criou-se um grande problema ético. O que devo achar destes comentários que ouço em cada esquina? — Será que os brasileiros realmente são analfabetos políticos ou, sou eu, muito radical?