Lula, você magoou meu coração.
Em quantas brigas filosóficas me envolvi para proteger a ideologia petista, em quantos comícios fiz questão de gritar até ficar rouco:
“Lula lá, brilha uma estrela”
Gritei tantas vezes, que ainda me incomoda este refrão que vem à minha cabeça em momentos mais estranhos e inusitados.
Gosto de lembrar que tinha porque lutar e torcer para que “Lula” fosse nosso presidente. Esperava ansiosamente que um pobre trabalhador se erguesse aos umbrais do poder. Esperava que estes malditos corruptos e inescrupulosos políticos ficassem terrificados com sua presença e que fossem cassados com o rigor da lei e da ética.
No auge de meus vinte anos não conseguia mais pensar em outro líder que não fosse Lula. Este grande homem chegava à representar a esperança de uma nação tal qual Gandhi e Chê. Em cada canto e em cada discussão de escola me via com o sangue a ferver quando me diziam ser ele um analfabeto e oportunista, manipulado pela mídia global. Não admitia tais ofensas chegando à algumas vezes às vias de fato com companheiros de classe que conhecia a mais tempo que meu ídolo “ Luis Inácio Lula da Silva”.
Meu caro Lula! - Perdi amigos e me tornei um petista “roxo”, na esperança de que você seria um grande e valoroso líder que defenderia a classe pobre e os direitos dos menos favorecidos.
Me deixa um amargo na língua e uma dor no peito ver este grande homem se aliar ao grande símbolo da corrupção e impunidade ,Sr. Paulo Salim Maluf, o qual nos alveja com sorrisos cínicos e maldosos, nos mostrando claramente que o mal venceu e que a esperança não venceu o medo.
Meu amado e querido Lula, é com pesar que vejo aquele aperto de mão como aliança à quem já deveria ser expurgado de nossa história. È com pesar que vejo teu sorriso já fraco e teu rosto consumido por um caminho árduo e pedregoso, se sucumbir no final da jornada ao inimigo público número um.
Será, meu querido presidente e apaixonante líder de uma nação valorosa, que não havia outro caminho que evitasse este desgaste em nossos corações, já tão massacrados pela corrupção e impunidade?
Não quero lembrar de sua imagem tão nobre, maculada pela presença de um homem tão vil. Não queria levar comigo a tristeza de me sentir ridículo ao gritar seu nome por toda a minha juventude. Não é justo com àqueles que elevaram seu nome e a sua luta, que lutaram até mesmo debaixo de chuva para fortalecer sua campanha. Não é justo com àqueles que viveram uma vida acreditando em sua liderança e integridade ideológica.
Eu só gostaria de pedir desculpas a alguns amigos que perdi por ter defendido seu nome e honra, ideologia e luta. Gostaria de dizer-lhes que eu estava enganado, que este grande homem não é realmente comprometido com a justiça e verdade. Mas alguns destes amigos já partiram para o oriente eterno e eu não posso mais me desculpar. Peço a Deus que me perdoa pois não segui os ditos de meu pai:
“Maldito é o homem que no outro confia”