“À mulher de César não lhe basta ser honesta, tem também de parecê-lo”.
Entre as frases mais conhecidas do ex-ditador romano Caio Júlio César, esta é uma das que mais se destacaram. Essa máxima muito usada nos dias de hoje quando o assunto é honestidade alheia, nos remete a Roma antiga, quando Pompéia, a esposa de Caio Júlio César, fora acusada de adultério com Públio Clódio Pulcro (Publius Clodius Pulcher).
Públio Clódio Pulcro (Publius Clodius Pulcher) nasceu Cláudio, por volta de 92 a.C., mas por motivos políticos acabou por adotar a versão plebéia do nome, Clodius. Este jovem patrício (condição de que abdicou, fazendo-se adoptar por um plebeu) tornou-se conhecido não só pela sua carreira política populista, mas também pelo comportamento por vezes excessivo.
Um dos maiores escândalos em que se envolveu aconteceu em 62 a.C., quando, vestido de mulher, penetrou na casa de Júlio César, onde a mulher deste, Pompéia, celebrava os ritos da Bona Dea, nos quais a presença de homens era proibida. Disse-se que andaria envolvido com Pompéia (alguns historiadores sustentam que ele fez isso para macular a imagem de César e desestabilizar seu governo), e que a entrada na casa teria por isso sido facilitada. Foi descoberto por uma escrava de Aurélia, mãe de César, e levado a julgamento por sacrilégio.
Pompéia, por seu lado, foi repudiada. Conta Plutarco, que, tendo sido César chamado pela acusação para testemunhar contra Clódio, afirmou nada ter contra o jovem. Ao ser confrontado com o paradoxo - afinal tinha repudiado a mulher - César terá respondido que, apesar de convicto da sua inocência, preferia que sobre a mulher não recaísse qualquer suspeita. Nascera então a famosa frase: “À mulher de César não lhe basta ser honesta, tem também de parecê-lo”.
Em tempos atuais, d.C., a Capital Federal se parece muito com Roma, os meandros dos poderes Políticos, Judiciais e Econômicos sempre nos premiam com armações, complôs e tentativas de golpes civis.
O mais novo acontecimento nessa “nova Roma” é o suposto enriquecimento do Ministro Chefe da Casa Civil do Governo Dilma, Antônio Palocci.
A panfletária matutina Folha de São Paulo, com o seu “jornalismo investigativo” (há quem diga que, assim como ocorreu com Públio Clódio Pulcro para prejudicar o César, a intenção da Folha ao estampar tal reportagem mirava não Palocci, mas o governo de Dilma), estampou em suas páginas na edição dominical que, o citado Ministro Palocci conseguira de forma obscura, multiplicar por 20 vezes seu patrimônio.
Bem, deixemos de lado as versões de tentativas de derrubar o mais poderoso Ministro do Governo Dilma, por um agente do PIG – Partido da Imprensa Golpista (como já diz Paulo Amorim e sua Conversa Afiada); deixemos também de lado, as falas soltas que garantem que fora “fogo amigo” que alvejou Palocci, fogo esse atribuído ao “Companheiro José Dirceu”, vez que, comenta-se amiúde que o mesmo ainda não digeriu sua “saída” do poder palaciano, e culpa Palocci por tal acontecido.
Todos esses pormenores de intrigas e golpes panfletários, a classe política brasileira pode e deve aprender com o ocorrido. O cidadão que se dispõe a ingressar na vantajosa vida pública brasileira deve por certo entender que, as aparências mais do que nunca enganam mesmo!
Aqui não faço juízos de valores, não quero entrar no mérito se há licitude nas consultorias que um Deputado (Palocci era Deputado Federal quando aumentou seu patrimônio) com mandato presta a iniciativa privada, deixemos isso para o Procurador Geral da República e o Supremo Tribunal Federal, a quem de direito constitucional, cabem o papel de julgar os atos lícitos ou não, dos ocupantes de cargos públicos na esfera federal.
Mas vamos combinar, nós simples mortais eleitores, que acreditamos (ainda) nas promessas de boa gestão do erário público por parte dos por nós eleitos, e que vemos com muito ceticismo as relações promiscuas do poder público e o capital privado, podemos e devemos dar o nosso ponto de vista neste imbróglio quase romano:
“Ao Palocci não lhe basta ser honesto, tem também de parecê-lo”.
E o ruim nisto tudo, é que tem sido uma constante dos políticos brasileiros, omitir ou deixar-se pensar em desonestidade quando se trata de seus patrimônios, outro dia era o Aécio Neves que escondia sua frota de carros importados, deixando-os em nome de uma rádio que ele e a irmã são donos!
E isto serve não só para o Palocci, mas ao Sarney, Aécio Neves, Lula, Serra, Dirceu e Presidenta Dilma e todos os homens e mulheres que fazem da política sua profissão ou ideal de vida!
Nós, “a plebe”, merecemos esta nobre consideração.