Postos de pedágio. Que droga!
O governador do Estado prometeu em campanha duplicar a Rodovia dos Tamoios, já saturada pela quantidade imensa de veículos que a utiliza diariamente e pelos caminhões que massacram seu asfalto sem piedade por conta da construção acelerada da base de gás da Petrobras em Caraguatatuba.
Tendo tomado posse, o governo do Estado vacilou. Mas tantas foram as cobranças, que houve desmentido de que o projeto da duplicação seria deixado em “segundo plano”. É do próprio governador a afirmação de que a estrada seria duplicada, sim, estando em fase de execução o demorado processo licitatório.
Projetos envolvendo o meio ambiente costumam emperrar pela série de exigências legais a ser superada, como estudo de impacto ambiental e tantos outros. A autorização definitiva para o início da obra é vista nos dias atuais como um verdadeiro parto, daqueles de antigamente, em que se utilizava o fórceps.
Disse mais o governador. Que a região da serra de Caraguatatuba, pelas suas peculiaridades geológicas, não permitiria a duplicação da atual rodovia e que uma nova seria projetada e construída, contando para isso com a parceria da iniciativa privada. Isso demandará maior tempo além de sugerir a existência de postos de pedágio para garantir o retorno do investimento partilhado. É possível que se utilize a antiga estrada da Petrobras nesse novo projeto. Onde mais se faria uma nova estrada?
Era tudo que ninguém queria ouvir: mais pedágios! Pagar para utilizar uma estrada cuja implantação é de responsabilidade do governo, que conta com dinheiro público arrecadado à marretada do contribuinte exatamente para isso. Afinal, pagam-se impostos para quê? Leve-se em conta ainda que a carga tributária do cidadão brasileiro é uma das maiores – senão a maior – de que se tem notícia no planeta.
Sempre ouvimos do governo declarações de “parcerias” com a iniciativa privada para se construir isto ou aquilo. Terceirização é termo doce na boca de autoridades. Privatização. Parceria público-privada. E as tais ONGs, então? Dá arrepios só de ouvir pronunciar seu nome. Houve no país um desvirtuamento dessas organizações, que se transformaram em verdadeiras instituições de apoderamento do dinheiro público, geralmente manipuladas por políticos ou testas-de-ferro seus, ressalvadas, como dizem por aí, as raríssimas e honrosas exceções.
Ninguém desconhece a procedência dos dinheiros das campanhas milionárias de muitos políticos principalmente quando alçam vôo ao cargo executivo – prefeito, governador, presidente. Só para ficar no nível municipal, os Tribunais de Contas do país têm apontado os serviços privatizados de recolhimento de lixo, transporte coletivo urbano e gerenciamento da merenda escolar como as principais fontes de corrupção, de desvio dos recursos públicos. Governantes de má índole, agregados e parceiros se enriquecem e robustecem o famoso “caixa-dois”, para depois “torrar” nas campanhas políticas e repetir todo o processo malévolo envolvendo o Erário.
Mas, voltando à construção da estrada, a questão chega a ser incompreensível do ponto de vista prático. Temos governo e arrecadação de impostos – é só disso que precisamos para construir as obras que garantam o progresso e o bem-estar do cidadão-contribuinte. Por que parcerias privadas?
Não estamos afirmando a desonestidade de ninguém. Mas, é preciso desconfiar sempre, para não nos tornarmos malditos e, depois, indignos de penetrar nas sendas angelicais. Segundo a máxima bíblica, maldito é o homem que confia noutro homem.
Parceria com a iniciativa privada. Postos de pedágio. Que droga!