O que será de mim!

Tudo anda tão estranho pró meu lado, fico inseguro, pois meus amigos da minha idade ou até menos, estão morrendo. Sinto que a vida está acabando, minha mulher progredindo no Alzheimer, pode-me trazer surpresas desagradáveis. Ela está recusando medicamentos caros que consigo na farmácia de alto custo. Um simples adesivo discretamente usado no ombro, que não lhe atrapalha o toalete, ela se recusa em recebe-la. Toda noite temos que dormir mal-humorado por causa da sua renitência. Sua memória declinando sensivelmente afeta nossa relação social. Preciso de forças para morrer depois dela, porque quem ficar com este fardo e não for por amor, dificilmente suportará.

Outra preocupação é com meu filho diabético, sei das consequências que pudera-lhe ocorrer. Deus o livre da cegueira e da amputação.

A vida não é fácil para ninguém. Muitas famílias estão morando na rua, em barracas ou em marquises; a falta de comida me leva a fornecer cesta básica, muito pouco frente as necessidades momentâneas.

Preocupo-me com minha neta, apesar de ser maior de idade, seus 19 anos não lhe dão juízo para um namoro de juventude desabrochando. Uma gravidez agora porá tudo a perder nos seus estudo universitário, sem condições financeiras para arcar com filho e moradia. Os problemas urbanos passam a ser vividos em família.

Não imagino a preocupação que devo ter dado aos meus pais; se multiplicado, então, pelos números de filhos entendo, agora, minha mãe na janela à espera do último filho a chegar a noite. Só depois ela ia se deitar.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 26/01/2022
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