Mirandas no Recanto e no recato
Somos 129 agora, entre Mirandas, de família, e Mirandas de prenome. Terão, ou melhor, teremos, uma origem comum? Há uma boa indicação de que Miranda, enquanto no Brasil, provém, essencialmente, de Portugal, onde há uma região assim chamada e até uma língua específica, o mirandês, vejam vocês, é por lá falada. E naturalmente se assemelha muito ao português geral falado no restante do pequenino Portugal.
Pequenino, claro, se comparado, territorialmente, à extensão de nosso Brasil, ou mesmo à coisa de uma meia dúzia de ex-colônias de Portugal, de Bissau a Macau e ou ao Timor Oriental.
Contudo, Mirandas há fora das quatro linhas da Terrinha. Na Espanha, por exemplo, essa palavra nada tem de estranha. Nossa vizinha Venezuela, antes tão esnobe até, e hoje tão execrada, já teve um Miranda eminente que teria sido traído justamente - ou injustamente... ? - pelo próprio Pai da Pátria, Simon Bolívar, o Libertador...? E ficou de memória, para a história, veneranda ou mesmo malandra, a homenagem ao Miranda de lá, onde um Estado com esse nome há.
Na Itália, embora em bem menor quantidade, Miranda de origem também há e justamente na raiz da língua italiana, o latim, eu fui encontrar Miranda... que até bonito soa, quando se trata de Dona Lilia Miranda...
que nada mais quer dizer do que, na tradução minha, livre:
Os lírios são um presente admirável...
E por fim, temos Miranda por prenome, ocorrente geralmente em países de língua inglesa e, naturalmente, atribuído a pessoas do sexo feminino. Miranda Richards, atriz relativamente famosa, é o nome que me vem, de imediato à lembrança. Mas, curiosamente, já enfrentei uma situação dessas, que se desfez com um esclarecimento, sustentado na sonoridade da voz: eu estava lotado à época na Embaixada do Brasil em Jacarta, Indonésia, e provavelmente em 1989, atendi a uma ligação da Chancelaria local, em língua inglesa, perguntando por Miss Miranda. Respondi, com a convicção que tenho, que Miranda naquela Missão era só eu, e não Miss, mas Mister...
O Diretor de Protocolo, que estava do outro lado da linha, desculpou-se pelo engano, e me perguntou, a seguir, se eu gostaria de dar aulas de espanhol, sí, español...na Academia Diplomática Indonésia, para iniciantes... E até me empolguei com aquele convite honroso, ainda que a meu ver, mal endereçado...afinal havia várias Embaixadas de países hispano-hablantes em Jacarta e meu Embaixador, então, fez-me ver, e tentou fazer-me crer, que essa honraria melhor caberia a um deles...
Y Usted lo duda, lector amigo...?