PNL- OS SENTIDOS DA APRENDIZAGEM
Os quatro estágios da aprendizagem
A aprendizagem é um processo que nossa mente monta em quatro estágios de diferentes níveis de sensibilidade. O primeiro é o estágio da incompetência inconsciente, o segundo é o da incompetência consciente, o terceiro é o da competência consciente e o quarto é o estágio da competência inconsciente.
No primeiro estágio, da incompetência inconsciente, a pessoa não sabe que não sabe, na segunda sabe que não sabe, na terceira sabe, mas ainda tem dúvidas sobre o seu conhecimento, e no quarto, ela realmente acredita naquilo que aprendeu e seus músculos, nervos e todos os seus sistemas motores executam o que cérebro manda fazer, sem dúvida nem enganos.
Todos nós nascemos com um cérebro no estágio da incompetência inconsciente. Como dizia o filósofo John Locke, nós somos, ao nascer, uma “tábula rasa”, ou seja, uma lousa em branco na qual tudo pode ser escrito. Não sabemos absolutamente nada e não sabemos que não sabemos. [1]
Esse é o estágio é da ignorância completa. Mas à medida que vamos interagindo com o mundo, nosso cérebro vai tomando conhecimento dele. Entramos na fase da incompetência inconsciente. Neste estágio aprendemos que as coisas existem e que elas têm serventia e significado, mas ainda não sabemos o que são e para que servem. Esse é o estágio da ignorância sabida, chamado da consciência inconsciente, porque nós sabemos que determinadas coisas existem, mas não as entendemos, não sabemos como funcionam e a que propósito servem.
Mas logo nós começamos a experimentar e ter vivências nas quais elas estão presentes. Primeiro a gente faz as coisas meio sem pensar, meio sem entender porque precisa fazer. O organismo físico exige, o organismo social também. Então a gente aprende a fazer meio que, inconscientemente. Depois começamos a pensar em como fazemos essas coisas e porque fazemos. Então nós passamos a estudar, a questionar, duvidar, experimentar, testar. Essa é a fase da competência consciente. É a terceira fase da aprendizagem, quando sabemos o porquê das coisas, mas ainda não incorporamos o conhecimento que delas temos ao nosso acervo neurológico, como comportamento automatizado, ou crença verdadeira.
O quarto estágio, da competência inconsciente, é quando, no campo das ideias, o conhecimento vira crença, valor, critério de julgamento, ou, no campo do comportamento se torna um hábito, um vício, um reflexo condicionado, uma neurose, fobia, ou outra reação do tipo, que foi incorporada ao nosso sistema neurológico como resposta irrefletida e automática.
De modo geral, todas as nossas aprendizagens práticas e as crenças que adquirimos seguem essa trilha dentro do nosso sistema neurológico. Podemos exemplificar esse processo com a aprendizagem que nós seguimos para aprender a dirigir um automóvel. Temos que incorporar ao nosso comportamento uma fase de cada vez. Quando nos sentamos ao volante pela primeira vez não sabíamos absolutamente nada sobre o assunto; á medida em que íamos nos familiarizando com o carro, percebemos que não bastava entrar nele, ligar, pegar na direção e sair dirigindo. Havia uma série de comportamentos que precisávamos adquirir para poder pilotar aquela máquina com eficiência. E depois de adquirir esses comportamentos, percebemos que precisávamos treinar a habilidade de dirigir automaticamente, sem precisar pensar nas coisas que tínhamos que fazer para poder conduzir o carro por todos os lugares. Então aprendemos a parar automaticamente nos sinais vermelhos, a não parar no meio da rua, a passar marchas automa-ticamente, a “ver” placas e sinais de trânsito sem precisar concentrar nossa atenção nelas, etc.
Outro exemplo. Podemos pensar em um índio lá nos confins da floresta amazônica que nunca viu um avião. Ele nem tem ideia de que tal coisa exista. Está, nesse momento na fase da incompetência inconsciente. Então, um dia, um avião desce no terreiro da sua maloca e ele então descobre que existe uma coisa chamada avião. É a fase da incompetência consciente. Em seguida ele é levado para dentro do avião e aprende para o que serve e como fazer para pilotar o avião. É a fase da competência consciente. Ele aprendeu como fazer para pilotar o avião, mas terá ainda que fazer um longo treinamento para incorporar ao seu comportamento todos os movimentos, controles, equipamentos e outros conhecimentos para poder pilotar o avião com segurança. E só vai poder fazer isso quando fizer todas essas coisas automaticamente, sem precisar pensar nelas. Então ele entrará na fase da competência inconsciente.
É possível pensar na tragédia que seria se tivéssemos que pensar em cada movimento que fazemos para dirigir um carro. (Agora eu tenho que fazer isso, agora eu tenho que fazer aquilo..) A cada mudança de marcha, a cada pisada no acelerador, a cada brecada, a cada vez que tivéssemos que parar num semáforo, ultrapassar outro carro, desviar-se de um obstáculo. Que loucura não seria isso? Todos acabaríamos nos tornando “seriais killers “do trânsito.
Nós só aprendemos de verdade uma coisa quando somos capazes de fazê-la automaticamente. Da mesma forma, só acreditamos de fato em uma coisa quando nos sentimos seguros de que ela é verdadeira. Mesmo que ela seja falsa para os outros. Se precisarmos pensar para fazer determinada coisa, então ainda não aprendemos a fazê-la bem, ou se falarmos de uma crença, por exemplo, se ainda não tivermos plena convicção de que ela está certa, então ainda não acreditamos de verdade.
Um exemplo. Certa vez coloquei a minha filha para aprender matemática pelo método kumon. Logo me decepcionei, pois me pareceu, à primeira vista, que o método, na verdade, consistia em “vencer o aluno pelo cansaço”. Levei um tempo enorme para descobrir que aquelas operações repetitivas e cansativas, na verdade, eram uma forma de envolver o inconsciente do aluno na operação, pois quando se trata de objetos ideais, como a matemática, a geometria, as leis da física e outros assuntos que envolvem simbo-lismo e abstração, o inconsciente os apreende melhor que o consciente. A manipulação de símbolos, números e objetos ideais é mais competente quando ela é feita em nível de inconsciente. Por isso é que é tão difícil ensinar matemática. Aprender não é. Basta deixar o inconsciente se envolver com a aprendizagem.[2]
Um dos problemas para se aprender coisas novas, ou melhoraras performances em relação ao que já se sabe, é exatamente a fase
da competência consciente. Muitas vezes, a “sabedoria” que pensa-
samos ter sobre uma determinada habilidade, nos impede que vejamos formas mais eficientes de fazê-las. Por isso, dizem os zen-budistas, para se aprender realmente alguma coisa nova, é preciso esvaziar nossa mente dos seus conteúdos anteriores, referentes ao assunto do aprendizado. Quer dizer, temos que abandonar nossos “pré-conceitos”, para poder pensar nos novos. Isso exige um portentoso exercício de abstração.
Um dos mais famosos exemplos da técnica zen de ensino é a conhecida história do aluno que foi estudar com um prestigiado mestre zen. O mestre convidou o aluno para tomar chá, e enquanto o servia, pediu ao aluno que falasse sobre o que ele entendia ser o zen. O aluno, tentando impressionar o mestre, deitou a falar sobre tudo o que pensava saber sobre o assunto. Enquanto ele falava o mestre enchia a sua xícara. Ao perceber que o chá estava derramando, ele falou para o mestre: - mestre, o chá está derramando. A xícara já está cheia. – Exatamente – disse o mestre. Como você pensa em adquirir novos ensinamentos se a sua mente já está transbordando com o que você pensa que sabe?
Os quatro estágios da aprendizagem
A aprendizagem é um processo que nossa mente monta em quatro estágios de diferentes níveis de sensibilidade. O primeiro é o estágio da incompetência inconsciente, o segundo é o da incompetência consciente, o terceiro é o da competência consciente e o quarto é o estágio da competência inconsciente.
No primeiro estágio, da incompetência inconsciente, a pessoa não sabe que não sabe, na segunda sabe que não sabe, na terceira sabe, mas ainda tem dúvidas sobre o seu conhecimento, e no quarto, ela realmente acredita naquilo que aprendeu e seus músculos, nervos e todos os seus sistemas motores executam o que cérebro manda fazer, sem dúvida nem enganos.
Todos nós nascemos com um cérebro no estágio da incompetência inconsciente. Como dizia o filósofo John Locke, nós somos, ao nascer, uma “tábula rasa”, ou seja, uma lousa em branco na qual tudo pode ser escrito. Não sabemos absolutamente nada e não sabemos que não sabemos. [1]
Esse é o estágio é da ignorância completa. Mas à medida que vamos interagindo com o mundo, nosso cérebro vai tomando conhecimento dele. Entramos na fase da incompetência inconsciente. Neste estágio aprendemos que as coisas existem e que elas têm serventia e significado, mas ainda não sabemos o que são e para que servem. Esse é o estágio da ignorância sabida, chamado da consciência inconsciente, porque nós sabemos que determinadas coisas existem, mas não as entendemos, não sabemos como funcionam e a que propósito servem.
Mas logo nós começamos a experimentar e ter vivências nas quais elas estão presentes. Primeiro a gente faz as coisas meio sem pensar, meio sem entender porque precisa fazer. O organismo físico exige, o organismo social também. Então a gente aprende a fazer meio que, inconscientemente. Depois começamos a pensar em como fazemos essas coisas e porque fazemos. Então nós passamos a estudar, a questionar, duvidar, experimentar, testar. Essa é a fase da competência consciente. É a terceira fase da aprendizagem, quando sabemos o porquê das coisas, mas ainda não incorporamos o conhecimento que delas temos ao nosso acervo neurológico, como comportamento automatizado, ou crença verdadeira.
O quarto estágio, da competência inconsciente, é quando, no campo das ideias, o conhecimento vira crença, valor, critério de julgamento, ou, no campo do comportamento se torna um hábito, um vício, um reflexo condicionado, uma neurose, fobia, ou outra reação do tipo, que foi incorporada ao nosso sistema neurológico como resposta irrefletida e automática.
De modo geral, todas as nossas aprendizagens práticas e as crenças que adquirimos seguem essa trilha dentro do nosso sistema neurológico. Podemos exemplificar esse processo com a aprendizagem que nós seguimos para aprender a dirigir um automóvel. Temos que incorporar ao nosso comportamento uma fase de cada vez. Quando nos sentamos ao volante pela primeira vez não sabíamos absolutamente nada sobre o assunto; á medida em que íamos nos familiarizando com o carro, percebemos que não bastava entrar nele, ligar, pegar na direção e sair dirigindo. Havia uma série de comportamentos que precisávamos adquirir para poder pilotar aquela máquina com eficiência. E depois de adquirir esses comportamentos, percebemos que precisávamos treinar a habilidade de dirigir automaticamente, sem precisar pensar nas coisas que tínhamos que fazer para poder conduzir o carro por todos os lugares. Então aprendemos a parar automaticamente nos sinais vermelhos, a não parar no meio da rua, a passar marchas automa-ticamente, a “ver” placas e sinais de trânsito sem precisar concentrar nossa atenção nelas, etc.
Outro exemplo. Podemos pensar em um índio lá nos confins da floresta amazônica que nunca viu um avião. Ele nem tem ideia de que tal coisa exista. Está, nesse momento na fase da incompetência inconsciente. Então, um dia, um avião desce no terreiro da sua maloca e ele então descobre que existe uma coisa chamada avião. É a fase da incompetência consciente. Em seguida ele é levado para dentro do avião e aprende para o que serve e como fazer para pilotar o avião. É a fase da competência consciente. Ele aprendeu como fazer para pilotar o avião, mas terá ainda que fazer um longo treinamento para incorporar ao seu comportamento todos os movimentos, controles, equipamentos e outros conhecimentos para poder pilotar o avião com segurança. E só vai poder fazer isso quando fizer todas essas coisas automaticamente, sem precisar pensar nelas. Então ele entrará na fase da competência inconsciente.
É possível pensar na tragédia que seria se tivéssemos que pensar em cada movimento que fazemos para dirigir um carro. (Agora eu tenho que fazer isso, agora eu tenho que fazer aquilo..) A cada mudança de marcha, a cada pisada no acelerador, a cada brecada, a cada vez que tivéssemos que parar num semáforo, ultrapassar outro carro, desviar-se de um obstáculo. Que loucura não seria isso? Todos acabaríamos nos tornando “seriais killers “do trânsito.
Nós só aprendemos de verdade uma coisa quando somos capazes de fazê-la automaticamente. Da mesma forma, só acreditamos de fato em uma coisa quando nos sentimos seguros de que ela é verdadeira. Mesmo que ela seja falsa para os outros. Se precisarmos pensar para fazer determinada coisa, então ainda não aprendemos a fazê-la bem, ou se falarmos de uma crença, por exemplo, se ainda não tivermos plena convicção de que ela está certa, então ainda não acreditamos de verdade.
Um exemplo. Certa vez coloquei a minha filha para aprender matemática pelo método kumon. Logo me decepcionei, pois me pareceu, à primeira vista, que o método, na verdade, consistia em “vencer o aluno pelo cansaço”. Levei um tempo enorme para descobrir que aquelas operações repetitivas e cansativas, na verdade, eram uma forma de envolver o inconsciente do aluno na operação, pois quando se trata de objetos ideais, como a matemática, a geometria, as leis da física e outros assuntos que envolvem simbo-lismo e abstração, o inconsciente os apreende melhor que o consciente. A manipulação de símbolos, números e objetos ideais é mais competente quando ela é feita em nível de inconsciente. Por isso é que é tão difícil ensinar matemática. Aprender não é. Basta deixar o inconsciente se envolver com a aprendizagem.[2]
Um dos problemas para se aprender coisas novas, ou melhoraras performances em relação ao que já se sabe, é exatamente a fase
da competência consciente. Muitas vezes, a “sabedoria” que pensa-
samos ter sobre uma determinada habilidade, nos impede que vejamos formas mais eficientes de fazê-las. Por isso, dizem os zen-budistas, para se aprender realmente alguma coisa nova, é preciso esvaziar nossa mente dos seus conteúdos anteriores, referentes ao assunto do aprendizado. Quer dizer, temos que abandonar nossos “pré-conceitos”, para poder pensar nos novos. Isso exige um portentoso exercício de abstração.
Um dos mais famosos exemplos da técnica zen de ensino é a conhecida história do aluno que foi estudar com um prestigiado mestre zen. O mestre convidou o aluno para tomar chá, e enquanto o servia, pediu ao aluno que falasse sobre o que ele entendia ser o zen. O aluno, tentando impressionar o mestre, deitou a falar sobre tudo o que pensava saber sobre o assunto. Enquanto ele falava o mestre enchia a sua xícara. Ao perceber que o chá estava derramando, ele falou para o mestre: - mestre, o chá está derramando. A xícara já está cheia. – Exatamente – disse o mestre. Como você pensa em adquirir novos ensinamentos se a sua mente já está transbordando com o que você pensa que sabe?
[1] John Locke, (1632-1704) filósofo inglês conhecido como o "pai do liberalismo", é considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos grandes teóricos do contrato social. Sua tese de que a consciência do ser humano, ao nascer, é uma “tabula rasa,” guarda estreita relação com o conceito defendido pela PNL em relação à primeira fase da aprendizagem, a da incompetência inconsciente.
[2] Ver, nesse sentido, a história de Srinivasa Ramanujan, matemático indiano que fez importantes contribuições para o mundo da matemática, bem como a teoria dos números, a série e frações contínuas. Essa história foi contada no filme “ O homem que viu o infinito” dirigido por Matthew Brown lançado no Brasil em 2016. Na imagem, o matemático Ramanujan.