“CASINHA BRANCA" Música

“Eu tenho andado tão sozinho ultimamente / Que nem vejo à minha frente / Nada que me dê prazer”

Seriam os caminhos percorridos por nós que nos fazem andar sozinhos hoje? Seria a trajetória do tempo a culpada pela falta de prazer pelas coisas? Quantas vezes durante a nossa vida lidamos com o que é complexo, complicado, difícil e obscuro. O tempo presente nos faz andar sozinhos, e tudo o que vemos é somente o belo. No entanto, não nos trás mais prazer.

“Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer”- Franz Kafka

“Sinto cada vez mais longe a felicidade / Vendo em minha mocidade / Tanto sonho perecer”

Às vezes, temos tantas perguntas, como: Seriam as rupturas da vida a culpada pela nossa felicidade? As interrupções vividas em nossa mocidade foram tão grandes, que hoje só conseguimos ver que os nossos sonhos ruíram com o tempo? Onde estão os recomeços, e a simplicidade de reconhecer onde falhamos? O que nos deu tanto prazer a ponto de esquecermos daquele projeto simples?

“Adoro as coisas simples. Elas são o último refúgio de um espírito complexo” - Oscar Wilde

Às vezes saio a caminhar pela cidade / À procura de amizades / Vou seguindo a multidão / Mas eu me retraio olhando / Em cada rosto / Cada um tem seu mistério / Seu sofrer, sua ilusão

Todas as nossas experiências são temporais, onde até o sofrer e a ilusão passaram rápidos, porém deixaram marcas que não nos esquecemos. Mas, o tempo passou e é neste momento que fomos convidados a viver de forma descomplicada, normal e usual. A música nos estimula a ver o que não vemos, quando estamos nas grandes metrópoles; a perceber o simples, e a contemplar a beleza da natureza. E, como não somos seres que vivem isolados, estamos sempre a procura de boas amizades. Mas, quando saímos do nosso mais novo gueto para prosear, logo percebemos o quanto é difícil penetrar nas profundezas do homem, como é difícil de conhecê-lo, pois sua história é feita de sofrimentos e de ilusões. Mas...

“Embora haja sofrimento no mundo, há também muita superação” (Helen Keller)

Eu queria ter na vida simplesmente / Um lugar de mato verde / Pra plantar e pra colher /

Ter uma casinha branca de varanda / Um quintal e uma janela / Para ver o sol nascer /

Por possuirmos um passado cheio de sofrimento e ilusão é que optamos pela tranquilidade da vida com o tempo. Contemplar o mato verde, é ver o nada, é saber que ali a tecnologia ainda não chegou e que o homem ainda não a descobriu, e nem a expôs por completo. Ter o prazer de plantar, de colher, de tratar a terra, de lançar a semente, e de cuidar de todo o período de crescimento até que os frutos apareçam, é algo único. É como se estivéssemos gritando: Não quero uma mansão, não quero ver e nem contemplar a beleza criada pelo homem. Para mim, basta uma casinha branca com varanda, um quintal, uma janela onde eu possa acordar, me assentar com a minha xícara de café, contemplar o sol nascer, e ali falar como o salmista: “Pela manhã, ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã, me apresentarei a ti, e vigiarei” – Sl 5.3.

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“Minhas Palavras, meu Púlpito”