MÚSICA CRISTÃ EVANGÉLICA
Para reflexão e/ou debate...
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Em primeiro lugar, não sei se Jesus cantava frequentemente. Sabe-se apenas que uma vez terá cantado, com os apóstolos, após o memorial da Ceia. (Mateus 26, 30 e Marcos 14, 26).
Se ele costumava cantar, suponho que cantasse a música que no seu contexto cultural era cantada, pois vejo-o identificado com o seu povo.
Se assim for, creio que se Jesus viesse hoje a Portugal cantaria as cantigas que se cantam neste país. Bem sabemos que a heterogeneidade das mesmas, assim como as suas origens e influências, é notória.
Presumo que Jesus cantaria aquelas músicas de que mais gostasse, e também de acordo com as circunstâncias e o ambiente em que se encontrasse.
Mas se estivesse noutro país (da Europa, da África, da América, da Ásia...) faria o mesmo, na igual pressuposição de que se iria identificar culturalmente com o povo da terra em que vivesse.
Falando da chamada “música cristã evangélica”, pouco tenho a dizer. Parece-me, todavia, que ela é ainda mais influenciada pelas culturas americana e inglesa do que a música em geral. Basta reparar num hinário, por exemplo o “Cantor Cristão”, em que a grande maioria dos chamados “hinos” foram compostos por pessoas de língua inglesa e que incluiu, entre eles, música nacionalista e folclórica dos E.U.A e da Inglaterra. Embora haja também, nesse hinário, algumas melodias originárias da Alemanha, da Itália (e especificamente da Sicília), e até uma ou outra da Espanha, da França, de Israel, do País de Gales e do povo maori. (*)
Há ainda cânticos brasileiros (o “Cantor” veio do Brasil), estes sobretudo patrióticos.
Mas falar de um hinário é muitíssimo redutor. Não só porque há vários hinários, mas também porque existe outra música, paralela, mais ligada à sensibilidade juvenil, geralmente cantada com acompanhamento intrumental diversificado. Muitos desses cânticos têm sido trazidos de congressos e de outros eventos internacionais.
Há poucos compositores “evangélicos” portugueses, e a sua música não é geralmente conhecida e utilizada. Haverá talvez, entre os chamados coros ou cânticos de louvor (soltos, reunidos em pequenas colectâneas, às vezes mostrados com retroprojector), melodias com sonoridade cultural portuguesa. Mas se houver são muito poucos, que eu saiba.
Também nem sequer estou certo de que faça sentido uma música especificamente cristã, no sentido de música de igreja, visto que me parece cada vez mais irrelevante a noção de Igreja como ela hoje é geralmente entendida. Mas isso ultrapassa o âmbito deste meu modesto comentário de opinião pessoal.
(*) Alguns desses hinos, apenas como exemplo:
nºs. 6, 14, 20, 47, 82, 94, 112, 165, 212, 2l7, 258, 267, 281, 290, 298, 323, 464, 467, 468, 477, 482, 483, 484, 527, 538, 557, 574, 578, 580.
Leiria, Portugal