JANTAR FORA VESTINDO PIJAMA E PANTUFAS?

Partamos do conceitual abrangente e plástico de que é a metáfora a palavra em seu vestido de festa (ou de gala), no sentido de ressaltar a importância da figura de estilo e as decorrências dela, quando exsurgem as imagens, força da linguagem em sentido conotativo, ratificando a estética como elemento denotador de bom gosto para com o uso do idioma e de reconstrução, no mínimo, do entorno circundante, criando condições psíquicas para a descoberta da felicidade como forma ou maneira de vencer a eventual hostilidade de ambientação e o momento adverso vivido pelo poeta-autor, de modo a que o poeta-leitor (o receptor) possa recriar o seu Ego a partir do "eu e suas circunstâncias", como filosoficamente afirmava Ortega y Gasset. Para tanto, e por fundamentos óbvios de raiz societária, tal abordagem, pelo foco, em regra vai se utilizar da linguagem universal, de modo a que não ocorram bloqueios à comunicação interpessoal; não que a metaforização de algum vocábulo ou de um conjunto textual de um longo poema tenham de o deixar necessariamente "engalanado". Também não é menos verdade que a utilização de vocábulos com peculiaridades de linguagem regionalista ou localista – só por esta razão – venha a minimizar o sentido ou enfeiar o poema, dando a ele uma aparência chula ou precária quanto à apresentação estética. Também é curial e compreensível que a linguagem do Belo tem singularidades muito próximas ao "engalanado" trajar ou vestir do signo verbal formador do conjunto textual. Por bom senso, espera-se, enfim, que ninguém vá a um jantar fora de casa vestindo pijama e pantufas. Tudo tem seu momento e circunstância.

MONCKS, Joaquim. POESIA A CÉU ABERTO. Obra inédita, 2020.

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