O BÁLSAMO EMERGENCIAL

– a Maricler Ruwer, escriba, e observadora atenta.

Estou gostando de ver que estás estudando e recebendo com agrado minhas loucurinhas de condenado ao pensar. Este comportamento didático me estimula à reflexão, bem como aprofunda a vontade de continuar afundado no poço fundo do que pouco temos notícia (pois este sentir é sempre uma novidade inconclusa), enquanto condenados ao pensar. O poema nasce por necessidade de, nos limites de nossas concepções pessoais, tentar contribuir com o semelhante no rastreamento das sendas que podem levar à felicidade de cada pessoa. Somos, apenas, como alquimistas assumidos, os que seguram a alça do caldeirão fervente. Ali se aninham e são remoídas as angústias e inquietações, as necessidades afetivas e a virulência de vida e morte. Somos, também, os que têm coragem de dizer ao mundo e seu entorno fático o que vemos e, por consequência desta visão, sugerir o antídoto lírico-amoroso e justo para um determinado momento, quando tudo indica a perspectiva de mergulhar no caos. Enfim, antecipamos o Bem e o Mal. Comprometido com o mundo (e não apenas com o seu umbigo) e a desordem que o cerca, o criador poético antecipa-se ao seu tempo, neste plano terrestre de aprendizagens.

– Do livro inédito A VERTENTE INSENSATA, 2017/20.

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