SEM DATA DE VALIDADE
A densidade do amar é sempre algo incomum e, ao mesmo tempo, doce e singela. É assim em qualquer idade para os capazes e entregues à Poesia: a intensidade do desejo faz exsurgir o poema, em que permeia a doçura da fêmea que se quer acarinhada e remonta aos desejos da adolescência. Do macho, que, por ter fome de toque e palavra, é sôfrego de ação e ritos. Porque Amor não tem data de validade. Nós sim: carregamos a luz da finitude que nos batiza temporalmente. E esta, que é flama vital, se subsume no Amar, em todos os tempos, várias vezes... Humanos, fora deste somos objeto – coisa – e como tal, em breve tempo, inservível para os fins a que nos destinam e indiciam – amantes – indigitados com os olhares maliciosos através dos quais o ciúme vulgar tenta proscrever o sexo, apartando-o do amar, como se não fossem os jogos amorosos com que se coroa a vida. Sexo dá cor e vivacidade ao encantamento e se fortalece em gozo, zelo e competência a dois. Pena que, mesmo com a doçura presente nos gestos e atos, este se curva à possessão – sua carga egoística, proscrita e quase sempre maledicente...
– Do livro POEMA DE ALCOVA, 2015/16.
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