Pipas da Esperança
Amin e Hassan foram de certa forma vítimas mas também co-participes indiretos das convenções humanas perpetradas pelas sociedades em que nasceram e se criaram .
Duas vidas que partilharam um mesmo chão e dos mesmos prazeres comuns a qualquer meninice , porém irremediavelmente separados pelo abismo daquelas convenções teimosas , arbitrárias e intolerantes entre si , a negar pontes de diálogos que apazigúem .
É então quando as pipas tomam por breves dias os céus e operam o milagre de desviar as atenções daquele cotidiano opressor , enfraquecendo aquelas convenções que separam , democratizando espaços , propiciando a um escapismo consentido – faz-se uma breve ponte de diálogo .
Peão de altos interesses estratégicos das potencias em um canto esquecido pelo mundo , destroçado pelo fratricídio e submerso em suas contradições sócio-étnico-religiosas , o Afeganistão de Khaled Hosseini imprime vivacidade aos personagens principais , dando contornos realistas ao cenário em que vivem e operam . A cada página virada os personagens saltam aos nossos olhos , convidando-nos à uma interação de sentimentos ,como se fossem 365 dias , cada uma daquelas paginas a representar um determinado momento daquelas vidas .
A obra nos convida à uma reflexão , até que ponto as convenções serão barreiras à um verdadeiro relacionamento , inibidoras das franquezas , cortinas veladoras do nosso destino humanitário ?
Como bem expressa o autor , na boca de um personagem : “Zendagi migzara “ ... a vida continua . Quem sabe um dia a “ ficha” finalmente caia , não custa tentar acreditar .
Crítica da obra : O Caçador de Pipas
Autor da obra : Khaled Hosseini