O Amor Reviverá
Normalmente costumamos associar a poesia ao que é belo, como também o amor. Sabemos que o amor nos traz sofrimentos, decepções, contingências que representam contrariedades. E que a poesia não nos trará apenas emoções que nos realizem, que representem o inverso de nossas angústias. Ela poderá ser o resultado de sentimentos que dilacerem os nossos corações.
Mas fazer poesia sem falar de amor talvez nos seja tão impossível quanto viver sem respirar. A despeito de tudo o que a poesia possa representar, sempre haverá um lugar para o sentimento amoroso. Num inverno gostoso ou num verão escaldante o amor às vezes é o único tema possível.
E também no que não é belo a poesia estaria. E junto viria o amor. É só nos lembrarmos de A Bela e a Fera ou do Corcunda e Notre Dame para testarmos as nossas mais belas emoções. E acabaremos duvidando dos nossos conceitos de belo e feio.
E tudo isso é tão antigo quanto a nossa existência, quanto a nossa necessidade de proximidade (de alguém). Ou de algum outro ser ou animal doméstico. O que só serve para nos mostrar que a poesia está em tudo o que nos circunda. Sendo por isso fecunda na sua interação com o amor.
Não é apenas o amor que instaura a poesia. Mas talvez seja ele o que dela menos se distancia. É como se a poesia fosse (e é) achada em tudo, enquanto que com o amor ela já viesse junto.
Será possível que haja o poeta que nunca tenha falado de amor em seus versos? Se tal poeta existe, ele terá lutado dramaticamente para conseguir esse feito. E certamente não o terá conseguido na sua plenitude. Porque a atitude da poesia é, antes de tudo, a do amor.
Seja como for, quando tudo se acabar, se considerarmos as diversas formas, cada vez mais sofisticadas, de enriquecimento de urânio e coisas do tipo, o amor reviverá. Para a alegria da poesia, ainda que não possa ser escrita ou falada. Mas que por certo será encontrada no brilho ou perfume da última flor que existir.