UM PORRE PRA ESQUECER
UM PORRE PRA ESQUECER
Por Aderson Machado.
Era dezembro do longínquo ano de 1969. Eu tinha apenas 17 anos, e estudava no então Colégio Agrícola “Vidal de Negreiros” de Bananeiras/PB. Nesse mês e ano eu terminava o curso ginasial. E, como era de praxe, a turma concluinte promoveu a tradicional festa de formatura, que aconteceu no Bananeiras Clube – o principal Clube da cidade. Lembro-me que a essa festa não compareceram os meus familiares, sequer o meu mano Zezito, apesar deste estudar no mesmo Colégio que eu. - O fato é que ele era de outra turma, que, por seu turno, estava concluindo o segundo grau.
Assim, à minha mesa ficaram apenas os meus colegas de turma. Não havia mulheres na nossa companhia, já que éramos todos homens e, a exemplo de mim, ninguém estava acompanhado de seus familiares ou de namoradas.
Uma vez todo mundo devidamente acomodado em seus lugares, começou o baile. A bebedeira começara um pouco antes. A propósito, eu não tinha o costume de beber, senão, de quando em vez, alguns goles da famosa aguardente Rainha, destilada no engenho do Sr. Mozart Bezerra – um dos engenhos mais tradicionais da região do Brejo paraibano.
Pois bem, à medida que o conjunto musical ia tocando as suas músicas, à base de muitas baladas, a gente ia virando os copos. É interessante registrar que na nossa mesa havia vários tipos de bebidas: Uísque, vodca, montilla, cerveja, refrigerantes, e outras mais. Eu mesmo comecei bebendo uísque com gelo, porém diluído com refrigerante.
Como não sabia dançar – e até hoje não aprendi essa arte -, ficara o tempo todo à mesa curtindo as músicas e “enchendo a cara”. Era uma dose após outra, sem me dar conta de que estava gradativamente me embriagando. Aliás, gradativamente me embriagando não é o termo mais correto. Eu estava, a bem da verdade, ficando ébrio rapidamente, até porque não tinha o costume de beber, mormente “bebida quente”. Ademais, depois fiquei sabendo que quando eu ia ao banheiro, os meus colegas – maldosos – misturavam a minha bebida, o que acelerava a minha embriaguez. Mas como já estava pra lá de “empolgado”, eu descia tudo que caísse no meu copo!
E a festa rolava, as pessoas dançavam, todo mundo animado, parecia que estávamos num céu de brigadeiro.
Quando o dia já estava amanhecendo, eu já não era dono de mim, porquanto não sabia mais onde nem com quem estava. Tive um verdadeiro apagão, e apenas me lembro que cheguei ao Colégio “rebocado” pelos meus colegas, os mesmos que me provocaram este estado de coisas!
Mas o pior estava por vir.
Pois bem, no outro dia, quando acordei, a ressaca veio à tona: dor de cabeça, enjoo e tudo que tem direito. Com efeito, após tomar o café da manhã, comecei a ter uma crise de vômitos sem precedente. De início, vomitei todo o café que tomara. Mas não parou por aí. Continuei a vomitar. Mas o quê? . Na verdade fiquei expelindo pela boca a própria bebida que havia ingerido na noite anterior. E o pior é que esses vômitos aconteceram, a partir de um certo momento, em doses homeopáticas, e perdurou por toda uma manhã!
É bom frisar que suportei todo esse mal-estar sem ingerir nenhum tipo de medicamento. Tampouco fui internado, apesar de haver enfermaria no Colégio.
Por fim, devo dizer que essa foi a primeira grande ressaca que tive na minha vida. E foi, também, a primeira vez que prometi a mim mesmo nunca mais beber...