Se o universo é informação, então a matemática foi descoberta, e não inventada

A teoria da física digital propõe que o universo funcione como uma máquina de processamento de informações, onde tudo é essencialmente composto por bits de dados, semelhantes aos zeros e uns dos sistemas computacionais. Segundo essa visão, o universo não é contínuo, mas finito e quantizado, o que significa que ele se comporta de maneira discreta ou “digital”, em vez de ser uma realidade contínua e infinita. Em outras palavras, ele seria composto de “unidades” ou “pacotes” indivisíveis de informação, energia ou matéria. Em vez de um continuum infinito, onde tudo pode ser subdividido infinitamente, essa perspectiva afirma que existem limites fundamentais — por exemplo, tamanhos mínimos (como a constante de Planck em física) e valores energéticos específicos. Isso significa que o universo se comporta de maneira discreta, ou seja, ele “pula” de uma unidade para outra, como um sistema digital que funciona por intervalos específicos, não por variação contínua. Esse modelo preconiza que as leis naturais e os fenômenos físicos são, em última instância, calculáveis e governados por uma lógica computacional, o que implica que o espaço, o tempo e até mesmo a matéria, seriam fragmentados em pequenas unidades fundamentais, similares a “píxeis” de realidade.

 

A questão de se a matemática foi descoberta ou inventada é uma das perguntas centrais na filosofia da matemática. Esse debate visa entender se os conceitos e leis matemáticas, como números, geometria e funções, são construções da mente humana ou entidades universais independentes de nós. Se a matemática for uma invenção, ela seria uma linguagem simbólica criada para descrever e manipular a realidade física, uma ferramenta que a humanidade desenvolveu para tornar o mundo compreensível. No entanto, se a matemática for uma descoberta, então seus princípios e relações existiriam independentemente dos seres humanos, como verdades universais esperando para serem reveladas. Esse questionamento gera implicações profundas para a ciência e a filosofia, pois nos leva a refletir sobre a natureza fundamental do conhecimento e da própria realidade.

 

Se o universo for fundamentalmente informação, como prediz a teoria da física digital, é possível deduzir que a matemática seria mais uma descoberta do que uma invenção. Se tudo no universo pudesse ser descrito ou constituído por padrões de informação, a matemática pareceria mais uma linguagem intrínseca ao funcionamento da realidade do que uma criação humana. Destarte, os conceitos matemáticos que descobrimos seriam, na verdade, partes estruturais desse “código” informacional do universo e, ao desvendar a matemática, estaríamos simplesmente acessando verdades universais, não projetando invenções. Assim sendo, a matemática funcionaria como a gramática do universo, uma estrutura pré-existente que descobrimos à medida que desvendamos as leis da natureza e sua essência informacional.

Aislan Bezerra
Enviado por Aislan Bezerra em 25/10/2024
Reeditado em 27/10/2024
Código do texto: T8182081
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