REI AQUI NA TERRA...

REI AQUI NA TERRA...

"Quem é rei aqui na Terra, /

é rei em qualquer lugar" !

me. "CAMISA" (ladainha)

Quando escrevi em 1994 uma abusada "comparação" entre as importâncias de Pastinha e Bimba para o progresso da Capoeira a "balança" pendeu a favor de Pastinha... era pura "birra", naquele momento a agressividade de "alguns Grupos" atingia seu auge, havia alunos morrendo -- ainda que acidentalmente, não importa -- e voltava-se ao clima dos primeiros dias da Regional baiana: 'Bimba quer guerra, confusão", diz mestre Atenilo em seu depoimento (de 1972 ?), repetindo a declaração dos angoleiros da época. Agora, para meu espanto, vejo filmagem daquela Angola fazendo "esquete", os famosos "balões" da "Cintura Desprezada" criada por Manoel dos Reis Machado.

Atualmente há Capoeira no Mundo inteiro e ela é "produto" ou derivação da "Luta Regional Bahiana", temos e vemos pouca Angola da vertente de mestre Pastinha. Reli comentário de uma jovem carioca, em 2014, argumentando que a expansão da nossa Capoeira -- e do Blues americano, acrescenta ela -- se deveu a jovens BRANCOS "de classe média". Minha ressalva é apenas ao termo "classe média", mestre "Burguês" -- apelidos são descritivos, "fotos" irônicas -- vendia garrafas e ferro-velho para pagar suas aulas no Rio e não me consta que o mestres brancos que fundaram e sustentaram a FPC paulista, além de mestre Valdenor dos Santos, claro, eram ricos ou de classe média.

Tanto no Grupo SENZALA ou, adiante, em vôo solo -- que a "rasteira de costa" em mestre "Peixinho", num Batizado de 1976/77 no Clube Guanabara, só apressou -- a atuação e performance de José Tadeu Carneiro foram essenciais para abrir portas à Capoeira e conquistar alunos ampliando o espaço dela no Rio e, adiante, na Europa, não sei se também nos USA. Talvez o "único senão" de vitoriosa carreira de mestre "Camisa" -- naquela época "Camisinha", até nos seus cartões de visita "vermelho-sangue", com desenhos do LP de Bimba -- seja a introdução do uso das mãos na Capoeira, "revivendo" Bimba. Nossa Arte jamais precisou disso, é eficiente -- MORTAL, no caso dele, a "bênção" principalmente -- somente com os pés e a cabeça, se necessário !

De "Peixinho" quase ninguém aprendeu o "aú duplo" sem sair do lugar, ganhando tempo para observar o oponente e NINGUÉM MESMO captou sua "entrada de tesoura" dentro da meia-lua adversária... jamais vi aluno dele repetindo-a !

Jogando, "Camisa" não tinha igual e raros alunos da época lhe faziam frente, talvez Washington e um certo "Mudinho", o "Arara" tinha seu estilo mas não a rapidez espantosa. Na reprodução da fita Super8 (graças ao mestre angoleiro "Guará") que fiz em 1975/77 na famosa "Caixa D"Água" do bairro Cosme Velho -- ver "CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO DOS ANOS 70, parte 1", no YOUTUBE.COM -- vemos "o Rei em qualquer lugar" no auge de sua forma técnica, esplêndido em todos os sentidos. E aí, você encararia a "fera" ?! Um certo Caio, recém-chegado ao Rio, até tentou... findaram "se abraçando" !

Nunca fui "puxa-saco", minhas conclusões são fruto de observação e comparações. Da Capoeira paulista nada sei, mas da carioca dos anos 70 conheci o suficiente para poder afirmar que vi o melhor "capoeira" da ERA MODERNA em ação, Rei dela onde quer que fosse ! É a verdade... quer que eu faça o quê ?!

"NATO" AZEVEDO (em 5/abril 2021, 5hs)