Podemos até nos vangloriar de sermos uma potência futebolística, mas olímpica não. Não é determinismo, mas diferente do futebol que está entranhado na cultura popular e que qualquer pessoa de qualquer classe pode jogá-lo, onde aqui e acolá aparecem garotos pobres que ascendem ao estrelato futebolístico, como foi Pelé, Garrincha, Ronaldo, Robinho e recentemente Neymar. Mas em se tratando de olimpíadas a coisa muda de figura. Primeiro porque um atleta olímpico não se desenvolve "espontaneamente" em campos de várzeas, mas em centros de treinamento que demandam alto investimento do estado. Esses centros são geralmente ligados a escolas e universidades públicas, um atleta olímpico não tem muito de amadorismo, mas de treino e de técnica e isto demanda anos e só o estado com políticas públicas perenes para o esporte, estabelecendo parcerias com a iniciativa privada, pode formar esse tipo de atleta. Observe as potências futebolísticas e veja que o Brasil é o que tem o pior desempenho em olimpíadas. Se não fosse pelo talento individual ou coletivo de alguns atletas e de alguns esportes que tem apelo econômico como vôlei e basquete, o Brasil seria pior do que qualquer país de quinta categoria. Como podemos formar atletas de elite se as escolas públicas em sua maioria nem quadra poliesportiva têm e as que têm são descobertas? Para não falar em piscinas olímpicas que é um luxo restrito a poucas escolas e mesmo assim muitas estão abandonadas. Escolas onde os professores de educação física são "engessados" por currículos que lhes prende mais a teoria do que a prática esportiva, onde modalidades como ginástica rítmica, natação atletismo, ciclismo, etc. não são estimuladas e inexistem por falta de professores qualificados e de infraestrutura. E são justamente essas modalidades de esporte que mais conferem medalhas olímpicas a um país. Os países com tradição em olimpíadas investem na educação esportiva, é nas escolas que surgem os atletas de ponta. Sim, teremos uma Olimpíada, mas com certeza estaremos atrás dos EUA, da Rússia, da China, do Canadá, da Alemanha, etc. Isto ocorre porque somos inferiores aos outros países? Claro que não. O fato é que o estado brasileiro tem tratado com pouco caso seus jovens, prefere perdê-los para as drogas, a violência e a marginalidade do que de fato dar-lhes acesso à educação de qualidade e ao esporte. Preferimos a aparência do espetáculo para “inglês ver”. Sim, construiremos ginásios, parques esportivos a toque de caixa, haverá desvios de verbas, corrupção, como ocorreu com as obras da copa. Levaremos puxões de orelhas do COI - Comitê Olímpico Internacional. Sem dúvida que prepararemos o espetáculo. É certo que na última hora, mas prepararemos. Entretanto, diferente do futebol, estaremos nos últimos lugares em medalhas. No futebol somos a maior potência, mas em termos de olimpíadas só é potência aqueles países que investem em educação e em esporte de base, e o Brasil como se sabe, é o pais do faz de conta, e deste modo estamos fadados a ser um país com desempenho sofrível em se tratando de esportes olímpicos. .