POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL PEDAGOGO

A origem do Pedagogo se deu através de uma sucessão de ambiguidades e indefinições com repercussão no seu desenvolvimento profissional, no campo de conhecimento e de formação intelectual, marcando assim o seu processo de construção da formação profissional com elementos históricos, sociais, políticos e ideológicos. A partir da década de 80 destacou a atuação do movimento de reformulação dos cursos de formação do educador. Reafirmando a ideia de que curso de pedagogia é uma licenciatura, sendo assim o pedagogo também pode lecionar, mas não é por isso que é preciso ser pedagogia escolar. Dentre as contradições existente em nossa sociedade, esta a visão deturpada em relação a educação e a atuação do pedagogo. A educação não é um instrumento restrito ao espaço escolar e o desenvolvimento do trabalho docente não é a única função desenvolvida pelo profissional pedagogo. Contudo, a sociedade se tornou complexa a cada dia que passa tem evoluído e apresentado demandas em diversos campos social, econômico, cultural dentre outros sendo um desafio constante aos cientistas da educação elaborar intervenções posto por esta nova realidade apresentada na contemporaneidade.

Nesse mesmo víeis, Edgar Morin (1980) considera que há uma necessidade do conhecimento pertinente para enfrentar os desafios da complexidade. Em consequência disto, a educação deve ser de fato ampla, promovendo a inteligência geral, tendo a aptidão de ultrapassar os limites da complexidade existente no contexto social, de forma multidimensional e global. Desta forma, exigindo dos profissionais pedagogos com intervenções específicas para atender esta realidade sem fragmentar esta atuação, articulando os conhecimentos técnicos da educação formal e não formal, segundo COSTA, COSTA, PIMENTEL (2001) a educação do sujeito a princípio esta sobre a responsabilidade do educando e em segundo do educador, que irá lhe possibilitar através do conhecimento a capacidade de enfrentar os desafios que a vida coloca diante dele. Para que isto aconteça, é preciso que o pedagogo em sua atuação independente do âmbito em que esteja, faça o seu educando ter uma visão ampliada de mundo, ou seja, uma educação voltada para a vida em sociedade. Fazendo-o refletir sobre a sociedade moderna, e que, antes de tudo é preciso se conhecer através das habilidades adquiridas na educação familiar e escolar, tornando-os participativos.

Podemos observar que na atualidade o ensino sistematizado da educação tem passado por várias crises em relação à qualidade do ensino, o alto índice de evasão escolar de alunos que deixam a escola para entrar no mercado de trabalho para ajudar a família no sustento do lar, a insatisfação dos profissionais da área de educação em relação ao salário e condições de trabalho, além da violência em sala de aula entre outros. Diante das demandas apresentadas em relação à educação como mencionados anteriormente visualizamos que o pedagogo tem grande relevância no processo da formação humana como o todo a que se referi Edgar Morin (2000), em razão deste ser o principal objetivo de seu trabalho.

A educação é uma realidade multifacetada de acordo Frison (2004) não sendo um fenômeno isolado, permeia e interferi em toda a vida em sociedade, entretanto o processo educativo somente poderá ser exercido pelo pedagogo em razão destes conhecimentos serem específicos de sua área.

Complementando esse sentido, Edgar Morin (2000) considera que a educação deve favorecer a aptidão natural da mente, favorecendo o estimulo e uso na totalidade da inteligência geral, em outras palavras, a educação do futuro deve mobilizar o que o sujeito sabe do mundo, não reduzindo a uma mero decodificação do conhecimento de mundo. Levando em consideração este contexto, segundo Brandão (2007) não existe uma única forma e modelo de educação, e esta não esta restrita a educação formal e nem o professor único profissional que pode executa-la, com este fato compreendemos que a educação ocorre em espaço escolar e não escolar.

O profissional pedagogo não tem como função apenas a docência, é preciso desmistificar esta visão, pois, em razão deste possuir um campo de atuação tão vasto quanto às práticas educativas na sociedade, através de suas intervenções possibilitará que sejam atendidas as demandas apresentadas pela educação de voltar-se para as reais necessidades da condição humana de acordo Edgar Morin (2000). E em todo lugar onde houver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, aí haverá uma pedagogia segundo Libâneo (2008).

É de extrema importância explicitar a compreensão referente às distintas modalidades de ensino, em razão do déficit apresentado em nossa sociedade da educação oficialmente sistematizada. A educação formal, informal e a não formal que ocorre em vários momentos na vida do ser humano – social, escolares, seio familiar, na igreja entre outros. A educação em espaço formal, segundo Gonh (2006) apresentam objetivos relacionados ao ensino e aprendizagem de conteúdos, normatizados por leis, também uma das áreas que o pedagogo poderá atuar, não sendo restrita essa função. Sob esta ótica, contrapondo cabe aqui mencionar que a pedagogia em um espaço de educação não formal, não acontece em espaço formal, não tem leis, se adequa ao local em que está sendo executada, a exemplo, de ONG’S, sindicatos, associações, indústrias, comércio e outros. E a educação informal acontece em todos os processos de interação entre os sujeitos o tempo inteiro não possuindo intencionalidade.

Há uma necessidade de saber distinguir estas modalidades de educações para termos a compreensão de que tanto a educação quanto o profissional pedagogo está em diversas esferas sociais. Cabe aqui, delimitar o seguinte questionamento, como o pedagogo poderá atuar fora do espaço escolar? Trazendo resposta a esse questionamento, Gómez (1997) apresenta três elementos importantes que contribuem significativamente para desenvolvimento do trabalho deste profissional, dentre eles estão, o conhecimento na ação, a reflexão na ação e a reflexão sobre a ação e sobre a reflexão-na-ação. Fazendo um análogo com os esclarecimentos de Gómez, este ao tratar sobre o conhecimento na ação refere-se a resolução de problemas, a reflexão na ação e a reflexão sobre a ação significa raciocinar enquanto esta atuando, quando se defronta com os seus conhecimentos teóricos na prática, por último trata sobre a reflexão-na-ação, onde acontece uma observação minuciosa das características e processos que ocorre o seu trabalho, para isto avaliando, descrevendo, fazendo uso de seus conhecimentos de forma pertinente. Em outras palavras, em sua prática num espaço não escolar, o pedagogo a todo instante estará construindo o seu conhecimento frente a um desafio ou demanda apresentada no local em que estiver atuando, em razão deste profissional estar compromissado com a mudança social do outro e de si próprio, através da habilidade de pensar criticamente.

Abarcando este contexto, podemos compreender que todas essas educações mencionadas anteriormente educam, em razão de contribuir significativamente na formação do sujeito. Este ato de educar não se dissocia do processo educativo, não sendo o professor o único praticante e nem detentor do saber em que o aprendiz é considerado um ser passivo. Conforme o autor, podemos compreender que não existe apenas um único modelo de educação, fundamentalmente Libâneo (2008) ao tratar sobre a educação, refere-se as formas intencionais da promoção do desenvolvimento pessoal e da inserção social do sujeito. Reforçando essa ideia Costa (2001) afirma que educar significar apostar no outro, em outras palavras, somente se presta ao trabalho educativo quem acreditar no potencial do outro de ascensão pessoal e social. Pois, nem sempre as atitudes de uma criança ou adolescente evidenciam suas reais qualidades e potencialidades.

Proporcionando uma visão numa perspectiva mais ampla ainda sobre o profissional pedagogo, Libâneo (2008) diferencia a formação do pedagogo latu sensu e strictu sensu, em que são genuinamente pedagogos latu sensu os professores de todos os níveis de ensino e os demais profissionais que se ocupam de domínios e problemas da prática educativa, especialmente no campo dos saberes e modos de ação, em suas várias manifestações e modalidades; e como pedagogos stricto sensu aqueles especialistas que, não restringe sua atividade ao ensino, mas, sobretudo, realizam atividades de pesquisa, documentação, formação profissional, gestão de sistemas escolares e escolas, coordenação pedagógica, animação sociocultural, formação continuada em empresas, escolas e outras instituições.

O pedagogo apresenta três características de conhecimentos, a saber, o científico, político e técnico. Sendo o objeto de estudo do pedagogo os processos educativos, tendo a capacidade política de escolher e tomar decisões a partir do conhecimento científico e o saber fazer, que somente os conhecimentos práticos lhe confere para colocar em prática o saber científico e político conjuntamente que extrapola o âmbito escolar, corresponde às teorias de aprendizagem, para gerir, coordenar, ensinar entre outros. Da mesma forma, fazendo uma interface com Edgar Morin (2000), este saber refere-se a necessidade do conhecimento pertinente que venha possibilitar o desenvolvimento humano através da geração de teorias abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas, aptas a se auto-reformar. Para que isto aconteça, é preciso que este profissional considere o conhecimento globalizado que possui voltado para a formação humana, contempla essa amplitude de visão trazida por Morin, sobretudo, poderá modificar comportamentos, valores e compromissos éticos de acordo Libâneo (2008) possibilitando a emancipação do homem. Ainda sob esta ótica, em razão do objeto de trabalho do pedagogo ser a educação, Delors (1998) postula que ninguém escapa da educação ela acontece em diferentes ambientes, em casa, na rua, na igreja, ou na escola, de vários modos, para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Nesse sentido, são unânimes pois Edgar Morin (2000) trata sobre as condições humanas, esta ao mesmo tempo se constitui em um capital adquirido de saberes, de fazeres, de crenças e mitos que foram socializados de geração em geração.

Interpolando uma posição mais concreta, Frison (2004) o pedagogo possui uma capacidade que esta além do processo de ensino aprendizagem, tem a habilidade de dinamizar projetos, cursos, materiais didáticos, mediar as relações de um grupo. Não sendo prioridade dessa atuação os conhecimentos teóricos adquiridos, sobretudo, saber mobilizar de forma adequada qualquer situação ou questão. Podemos diante disso, afirmar que o pedagogo por possuir uma formação generalista, atende a esta necessidade em amplos contextos em razão dessa visão de mundo que a sua formação lhe confere, de identificar fenômeno múltiplos do saber, por meio do argumento de ideias bem como, a formação de sujeitos atendendo a necessidade de qualquer lugar em que for atuar.

REFERÊNCIA

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007. (Coleção Primeiros Passos);

ROESLER, Marli Renate von Borstel; BIDARRA, Zelimar Soares (org). Socioeducação: Reflexões para a construção de um projeto coletivo de formação cidadã. Cascavel: EDUNIOESTE, 2011;

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Ed. Cortez, 10ª edição 2008.p 25 a 63;

GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.50, p 27-38, jan./mar. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v14n50/30405.pdf. Acesso em: 01 de abr. 2015;

BRASIL, Fundo de População das Nações Unidas. Direitos da população jovem: um marco para o desenvolvimento. 2ª ed. Brasília: UNVPA, 2010.

MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2000;

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1998;

FRISON, Lourdes Maria Bragagnolo. O pedagogo em espaços não escolares: novos desafios. Ciência. Porto Alegre. p.87 a 103. 2004;

GÓMEZ, A.P. O pensamento prático do professor : a formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, Antônio (Coord.). Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, p.105.1997.

NadySantos
Enviado por NadySantos em 03/07/2019
Reeditado em 03/07/2019
Código do texto: T6687475
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